terça-feira, dezembro 25, 2007

Carta em branco

Meus amigos foram pro saco.
De certa forma os fatos já se encaminhavam enquanto éramos somente amigos.
Hoje parecem-me estranhos, com uma identidade natural mais estranha ainda.
Poucos acertaram a jogada, os mais espertos deram sua fôrma e a passionalidade humana o complemento.
Éramos unidos, éramos mais que qualquer clichê de propaganda.
Sinônimo de amizade.
Poucos (ou ninguém), hoje, me conhecem tão bem quanto esses garotos.
Contra o meu passado não há cartas para blefar.
E quando os recorro, o que tornou-se raro, nos últimos tempos, é apenas para uma saudoza oportunidade de dizer um olá.
Uma proposta incrédula e fria, palavras incompletas e o nervoso do primeiro contato.
Não era assim anos atrás.
Tudo bem, sempre assimilei o fato de que amizade não era lá algo de tanto valor. Nada tinha sua beleza.
Esquivei-me, é certo, várias vezes. Esquivei-me tanto que agora abordo tal melancolia.
Nesses dias o que se tem feito é pensar no futuro, ficar planejando tudo.
De uma forma pressionada pra falar a verdade.
Se pudesse, ficaria para sempre sentado no banco da praça relembrando toda a vida.
Não é algo do tipo descartável, não se assemelha a qualquer outro adjetivo, se não o de saudade.
Fidelidade é para poucos, ou para ninguém; vai ver inventaram-na com a intenção de evitar a dor da falta.
Vai ver não é tanto tempo assim.
Todo mundo deve sentir falta de algum amigo que se foi.
Todo mundo deve sugerir a idéia de querer voltar ao passado.
Com o tempo a gente aprende a tornar-se mais tolerante e, ao mesmo tempo, mais frios - talvez, até, um seja a causa do outro.
E aí as pessoas vem e vão.
É como na economia.
E o mais controverso e idiota dessa história toda é que, apesar do dito, nada se faz.
Bem que eu poderia pegar o telefone e ligar, marcar um encontro pra beber uma cerveja.
Depois que você percebe: " - Cadê os números? ".
Você também os esqueceu?
É tudo igual, apenas os nomes mudam...
Restou um, dois, de muitos.
Criançinhas mais parecem anjinhos.
O melhor, são deuses.
Queria crescer invertido, primeiro morrer e depois ficar velho, com o tempo viria a adolescência e por fim a infância.
Não sentiria mais saudades.
Chaplin devia sentir falta de amigos do passado também.

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