terça-feira, junho 26, 2007

Próximos do Céu

Enquanto rezávamos nossa última oração
Rezei pelas cartas finais que trouxessem as rosas de verão
Levado pelo leve toque do teu querer, estava preso entre gritos momentâneos
É difícil crer no que se vai e no que se espera
Apenas minta, se isso foi feito pra mim
Um som de esperança, em cada novo estranho que chora em meus braços
Torno a prostar-me frente a tevê, ela me faz morrer pelas páginas do santo vício
Apenas quero sentir a dor como as palavras que não soube expressar
Sussurando pela janela, acendendo as luzes e o cigarro
Não posso dizer nada com o fogo que queima nas minhas veias, aonde quer que estejam sangrando
Eu perdi a fé em todas as religiões e em todos os teus anjos
Nos dias em que eu preciso de algo em que acreditar, meu coração se tornara uma rocha
Nenhuma reação entre a verdade e um milagre
E eu não espero mais por isso, e não tomo mais as dores de minhas pretenções
Preciso de um Jesus
O que for que me mantenha sólido, esta noite
Uma miserável garrafa de vodka adormece em meus lábios
Quando se é preciso ter fé você perde as rédeas de sua própria conduta
Você sempre observa ao teu redor corações se partindo invalidamente
É frio como uma mente pagã
São sempre as mesmas lágrimas que cantam meu nome nesta fuga
Na tentativa de mentiras se tornarem o único crime
O último "ok"
Está sendo um longo desentendimento entre o ódio e a permissão
Ele é apenas um pequeno homem com uma família pra levar nas costas (e espera viver nas ruas)
Seus planos são suas convicções inférteis, mas o mundo vai abrir uma brecha
Que diabos está acontecendo?
Disseram-lhe em todos os portos: diga-me o que queres e terás o que deseja
Teve sua vida transformada numa reviravolta lá do outro lado, quando sentiu a dor da necessidade
Teus milagres estavam na mochila, e você viu os malditos surrarem o teu clamor
Apenas o que você precisa, é tudo o que você tem
Nesta maldição problemática os sinos soaram a teu favor
Ela veio como um aprendizado engraçado, com palavras doces e jogos de azar
Todas as noites você cantava uma nova canção
Você chegou a ficar louco, depois você rolou pelos mares da idiotice
Como um teste mau feito, como uma legenda cega
E ela revelou os sorrisos de uma fugitiva - certas coisas nunca mudam
Como um bandido que pecou erroneamente
Algo mau vindo de articulações fajutas
Dane-se
Os caminhos seguiram a lucratividade das reações
Da beleza à insanidade em memórias românticas
É melhor deixar rolar na perda do que prometer a sorte à corações suicidas

segunda-feira, junho 25, 2007

A Arte da Guerra

"Éramos cem mil. Dia sangrento, areia e carne desfilavam nos céus.
Sob o comando de nosso rei batalhávamos incansavelmente. Como unha e carne seguimos unidos. Guerreiros que asteavam a bandeira da honra e da coragem. Mártires respirando vingança sobre os cavalos. Além do horizonte estendiam-se
as faixas inimigas. Aproximadamente o triplo de nossos exércitos. Naquele dia senti realmente um entusiasmo fora do comum. Todos já haviam lutado durante três dias. Noites terríveis enfrentamos juntos. Passamos frio e fome para chegar até aqui. O topo de nossa esperança.
Aproximava-se o temeroso exército de bestas do inferno, que jorravam litros de terror de suas bocas assassinas. Distantes de nós, já escutávamos teus grunhidos insudecedores. Pareciam pedir arrego, ao mesmo tempo em que nos desafiavam para o duelo mortal. Sanguináreos vinham sobre o lombo de porcos que mais pareciam elefantes.
Os homens do senhor de Deus estavam prontos para a batalha final. O exército se alinhou. Como num jogo de xadrez cada fronta tomou o teu lugar. O jovem Rei também lutava conosco. Teus fiéis homens nos encorajavam, com votos de irmandade. Via nos teus olhos a força ofuscando o medo - a necessidade de custear a esperança através da espada. Era o que precisávamos naquele momento de temor e tensão.
Já havíamos derrotado a primeira fronta. Milhares de bestas enfurecidas com tuas armas, tanto quanto rudimentares, sem nem um pingo de medo ou compaixão. Alimentados pelo sangue frio de seu diabólico líder. E agora estávamos diante de nosso mais poderoso inimigo. Que se aproximara mais um pouco.
Já eram tomados os postos, os arqueiros puseram-se em posição de ataque. Esperaríamos até o último momento para atacar com força total. Conhecíamos nosso território, sabíamos exatamente o que era necessário para o menor número de baixas. Então, eis que as flechas puseram-se a lançar-se pelo ar. Leveza e fúria.
Se observara as primeiras baixas, que não representavam nada perante o numeroso contigente de monstros armados. Segunda leva e segunda caída. Terceira e quarta seguiram-se.
Vieram de encontro, como um choque de bestas senti todo o peso de suas fúrias. Estava na terceira fileira e tomado de plena virilidade peguei minha espada e só olhei para o distante. Bravo guerreiro sustentei corpos caíndo em mim, não me abati. Litros de sangue jorravam na minha cara, pedaços de orelha e víceras acumulavam-se nos meus braços.
Seguimos em frente, confrontando o comando infernal. Escalava uma montanha de corpos, antes mesmo de dar o primeiro metro. Foi quando as trombetas dos portões tocaram. O inferno se espandiu perante os homens. Um calor que derretia, parcialmente, nossas armaduras.
O choque entre guerreiros foi tomando forma, quando percebíamos que chegávamos mais perto de nosso destino. Dali em diante já não havia consciência, era tudo automático. Heróis em seu curso.
Quando dei por mim, já não havíam mais reservas lá no final da montanha. O que viría pra nós era o que esperávamos a tanto tempo. Pouco a pouco, um a um, tudo terminou. No lugar da água, sangue, no lugar da brisa, odor, no lugar dos campos, pedra. É incrível como havíam cabeças naquele lugar. Você ainda podia ver as mãos se moverem.
Nosso rei seguiu agora a frente de nós. Contrastando com o por do sol víamos nosso líder lá na frente. Tomamos a cidade, e tudo que nela havia. Peças de ouro, esculturas antigas, escrituras de um povo bárbaro talhadas a sangue negro. Sentíamos que o êxtase passeava entre nossas almas. E naquela tranquila noite, festejamos como reis de nós mesmos. Carne fresca e suculenta, cerveja e belas damas. Tínhamos o estoque de escravas necessárias ali para assaciar a perversidade de cada um. O padre nos abençoou aquele dia. Regidos pela força divina através do rei, nos tornamos os mais bravos homens daquela região."

quinta-feira, junho 21, 2007

Imaginando

Seriamente passo a respeitar todos os demais que por mim passam
E também pensam por si, são outros mil que o fazem com extremo apego
O lance de relance contínuo, daquele olhar que se prende na vasta ociosidade instigante
Necessariamente é o fluir do espírito jovem no teu curso aflorado
E de idéias tantas que se fazem necessárias regras de imposições sarcasticamente obrigatórias
Regência afluente e transparente aos olhos da realidade cruel que nos torna dignos de cada um,
Miserável como é
Sim, se torna múltiplo de si mesmo quando tocam as trombetas do novo rei
Aquele que governa o horizonte e o destino do sol
O trajeto da lua e o brilho do luar
Não há mais outras razões e não há a principal para que me sirvam um prato de idealismo
Revolucionário de nada sonhando com flores no metal sombrio
Canções de exílio que nada mais exaltam, senão elogiando a própria desgraça na qual és entregue
E quando lançado a vida se toma de pobreza por todos os lados, abastecido por canos que jorram ignorância
Rios de ignorância
Fatos que comprovam ainda mais instabilidades racionais perante um exército que luta pelo desejo de ser fiel a um líder
Governâncias tradicionais e de belo posto que cercam-se de políticas humanitárias simplismente pelo zelo de sua carapulça
Serão necessárias gerações sadias que possam retomar a antiga bandeira rebelde do anarquismo desordenado que não chegam a realizar, ao menos
Todas as estruturas possíveis de organização é um circo de bizarrices
Toda organização já é a própria sodoma e gomorra, com teus antros sexuais regados a cachaça
Entorpecendo-se pelas próprias babaquices que dizem sobre minha opção sexual ou sobre a minha religião
A bendita bezerra que hoje já está revirando-se no caixão; e o the best seller A MORTE DA BEZERRA, amplamente difundido entre todos pelo mesmo preço da "conscientização moral"
Significações que talvez possam não valer nada, tão somente rindo-se de nós mesmos chegamos a este mesmo não-agir
Pequenas rosas de poesia também são idiotas
Não te vales nem uma pena
Do pássaro que voava pelo céu, o próprio deus de tua beleza
Caído no chão da praça, do cruzamente da avenida, da metrópole em pleno funcionamento
Alimentada pelo certo incapacitado e irreversível
Na contra mão de toda cópula intercaladamente financeira, vou eu no meu jatinho de madeira
Feito por anões mágicos da Terra dos Sonhos e da Esperança,
Lá onde eu fumo maconha para voar solto
É o mesmo homem no outro lado do mundo, que cheira incenso e chega ao transe do teu "eu" espiritual e que o elimina quando este alcança o paraíso
E o mesmo que se mata insandecido pelo desejo infértil de trepar com toneladas de virgens lá perto de seu deus barbudo e ansião
Cá estou, no meu barquinho de papel, navegando pelo universo paralelo da inquietez
Passeando pelas letras
Engaiolado nos pensamentos...
Infinitos - "Inabstratível"

A Retórica Detentora

Sentem-se à mesa cavalheiros, apresentarei agora o saldo trimestral de nossas vendas.
Senhor, por favor, queira permitir uma pré colocação.
É conhecida por todos a tendência inflacionária de nossa economia.
Lucros não nos garantem nada, aplicações se tornam cada dia mais necessárias. O amplo conhecimento em setores de crescimento econômico torna-se uma necessidade emergente no plano atual. Quero-lhes apenas destacar um seguinte ocorrido, caros amigos. Na tarde de segunda-feira, dia 12 deste mesmo mês de abril, nossos contadores apresentaram à diretoria um desnivelamento obtuso e exponencial, referente ao acréscimo de quantias oriundas de movimentações suspeitas e desconhecidas pelo referido e aqui presente, presidente Edgar Piazza de Castro. Ressaltando claramente à vossos que se atentam à mim neste momento, quero-lhes ainda deixar, além dos fatos apresentados, uma possível evidência e, posterior prova de que, a quebra de sigilo fiscal e bancário, avaliação de extratos financeiros e levantamento de gastos efetivos nos últimos três meses do senhor Delpúdio Costa, confirmam por excelência que todas as suspeitas recaem por sobre as costas do mesmo.
Algo em sua defesa, caro companheiro?
Vejam bem senhores, uma empresa como a nossa - com tamanha influência no cenário nacional e até internacional, com meio século de existência e de relativa corporação jovem e atualizada, em pleno processo de competição a nível global - exige parâmetros de defesa que, talvez, não se enquadrem apenas em efetivas aplicações legais. É visto que os exércitos mais gloriosos de nossa história se empenharam de tal maneira a não só absorver aquilo de que todos os outros pudessem da mesma forma usufruir, mas também utilizar de todos os meios atingíveis e inalcancáveis para que, dotado de extrema sordidez mascarada pela obscuridade da doce humildade, aflorascem na montanha mais singular que houvesse por sobre as estrelas. Deixo firmado aqui, meu compromisso de fé e honra para com esta empresa, porém, assumo que dia desses prostrado por sob minhas próprias asas abaladas de fraqueza cometi um erro fadonho, financeiramente falando.
Entendemos tal situação. Sabemos que tais condutas não se adequam ao quadro político da empresa; que visa o bem estar social, lucrando apartir do desenvolvimento sustentável e, deixando bem claro a qualquer cidadão interessado, as forças contratuais que regem a ética trabalhista de nossa corporação. Contudo, ao meu ver, você - um dos mais antigos funcionários da empresa - não é a única cabra ferida deste rebanho engravatado. Certamente outras virão e a necessidade de uma punição exemplar torna-se quase que, como uma obrigação encarregada sobre minhas costas. Mas, sob a bandeira da fidelidade e do perdão cristão, quero que saiba que desta estás livre. Mas que também não sejes uma carta-branca a vagabundez itinerante neste local santo de trabalho. Valorizo, acima de tudo, a importância de cada um, e o julgamento de cada conforme a tua importância. Discursos de igualdade perante a lei não se valem quando as necessidades são postas em jogo.
Corporativismo mais descarado que este só se vê no Senado, meus amigos. Retiro-me desta reunião com a idéia de missão cumprida - os fatos apresentados. Entretanto, não me vejo sentado na mesma cadeira junto de uma corja de assalariados mesquinhos que se dizem os reis do mundo por suas leis internas que adequam-se a cada bandeira de sangue. Isso não é família, está mais para uma quadrilha armada por discursos infalíveis e de pronta persuasão.

segunda-feira, junho 18, 2007

Com amor

Minta para seus inimigos, seja fiel aos seus amigos, e manipule todo o resto.
Foda de um jeito tão fodido que o Alexandre Frota entre em depressão.
Não é algo pra se fazer num futuro próxmo: Vá agora comer a mulher do seu vizinho.
Não use camisinha. Goze tudo que tiver em você e depois de alguns meses, mude de casa e coma a vizinha da casa nova.
O que você sonha? Uma família, dinheiro? Babaquice. Sonhe com bucetas. Não buceta. BucetaS. Várias. É natural. Seja o vizinho, ou seja o Ricardão. Á princípio, não há diferença. A única diferença que se revela com o tempo é que o Ricardão não tem a ilusão de não ser enganado. E por isso mesmo, não é atingido.
Troque seu tempo por dinheiro, e seu dinheiro por tempo, até que um dos dois acabe. Case, e troque sua liberdade por um cafuné e uma dor de cabeça. Curar da dor de cabeça significa abrir mão do cafuné, algo que você é muito fraco pra suportar.
Todo mundo percebe que existe algo de errado. Não dá pra saber o que, só dá pra saber que alguma coisa está muito, muito errada. Não com você, nem com ninguém. Tudo está certo quando está errado. É a natureza das coisas. Não é preciso ser idiota para alguém ti trair. Você só foi lento demais.Nada com que se preucupar. Pegue todo seu ódio, toda sua descepção e transforme na mais pura energia sadística. É aí que se propõe o escambo ao diabo. É a natureza das coisas. Você é aquele tipo de pessoa que a natureza cria pra compensar a falta de um predador natural ao homem, mas esperto demais pra matar. Eu, você, nós não matamos. Nós fodemos. Fodemos, todo e qualquer buraco na superfície do corpo humano, fodemos as pessoas para saciar a vontade primitiva de fazer mal a alguém, um mal que destrua a pessoa, para ti engrandecer. Faça como a faca: foda. Não só bucetas. Foda almas. Foda uma pessoa até não restar um pingo de coragem, amor-próprio ou respeito. Faça com que haja a nescessidade de uma plástica para reconstruir tudo que você toca. E depois queime tudo.

O possível finito virtual

Quando olho pra mim mesmo, como não sendo apenas um reflexo
E me vejo caminhando nessa estrada do nada complexo que é a vida
Imagino, por que estamos nessa corrida?
Tudo é disputa, tudo é luta,desde um esperma lutando pela consciência
Até um mendigo homem que luta pela sobrevivência
E se houver vencedor, ou mesmo se não houver, sempre haverá os demais perdedores.
A placa na minha estrada indica " Liberdade absoluta"
Então percebo que estou quase só,nesta luta

Antes só, do que mal acompanhado.
De que adianta companhia se eles me levarem no caminho errado?
Quando eu chegar ao encontro da minha essência
Sei que nada fará sentido nessa minha atual existência
Mas durante essa jornada haverá fortes barreiras do suposto mundo "real"
E até lá precisarei ser objetivo e usar com sabedoria, as forças do bem a até mesmo do "mal" natural.
Felizmente estou muito bem armado
Minha fome por verdade é tão grande, que maior do que o "Eu", nem mesmo a infinidade.

Venha amigo,saia daí, venha comigo nessa viagem pela consciência e descubra
o que é ser, descubra o que nem mesmo está coberto e o que nem ao menos existe.
Venha comigo, você irá ver como a "vida" no mundo é pequena e triste.
Venha e seja,veja,veja e seja o que você deseja ser
Livre de ordens, "ismos", crenças e mandamentos "sagrados"
Não há mais nada pra crer, agora você é livre e pode saber.
Saiba! Basta você querer
Agora você tem esse poder

Esqueça seus antigos valores podres, suas dores ,seus temores e crie o seu espaço universal divino
Coberto de ouro, luz ou flores.
São apenas possibilidades, nada são verdadeiramente, no seu universo de infinidades
Cresça sempre, alimente sua mente
Possibilite o impossível e logo transformaremos a vida comum em algo belo, mais do que banal existência.
Explore seu potencial!
E bem vindo ao infinito impossível Real!


Pós - Humano

Eu, simplório ser mortal...
Imóvel e quieto...
Habitante deste nojento terrestre solo,
Colocado como mais um produtivo inseto...
Escravo do banal
Eu me mantenho, mas não me consolo.

Por enquanto sou apenas um réu
Nessa condenação postiça
Sou mais uma das milhares flores do pomar
Submetido à mais injusta justiça
Sou a lua no céu
Sou o espaço do universo
Sou a agua no mar
Sou o doce do mel
O oposto do inverso
Sou o tempo
A vida
O vento
Um tormento...

E ainda assim não sou nada...

Logo após nascer..
Eu queria crescer
Queria ter
Queria ser
Tentar viver
Queria amar
Queria chegar em algum lugar

Eu queria nada...
Eu lutava... lutava com ninguém
E me tornava cada vez mais, um refém
Da obrigação
Da prisão, do compromisso
Só queria isso
Um viver postiço...

Não consegui nada do que eu quis
E por isso, ah...Como eu sou feliz

Um desejo tão indesejado
Falso
Invejado
Não poderia ser realizado

Eu vi além
Vi mais...Fui mais...
Mais do que um humano Zé ninguém..

Desde sempre eu sabia que era capaz...
De fazer o que ninguém mais faz
Eu quis ser mais, mais do que um simplório rapaz


Quis voar
Quis ver
Quis ir
Quis sair e acordar
Superar o limite...
O limite da mente...Do cosmo
Mais do que ser...Ter ou estar

Joguei fora tudo aquilo
Que me fez sofrer
Que fez de mim um escravo do terOu um escravo do simples ser...viver
Agora não tenho mais medo
Já sei o segredo

Tenho a verdade
Agora vôo tranqüilo
Rumo a absoluta liberdade.


sábado, junho 16, 2007

Fluoxetina

Doses incessantes de antidepressivos consomem minha insanidade, neste exato momento. Antidepressivos que inibem a recaptação da serotonina; remédio pra controlar a minha mania de fazer mil vezes a mesma coisa (transtorno obsessivo compulsivo - TOC). Há duas semanas eu tô nessa, resolveram que eu tenho um sério desvio de conduta perante aos demais. As manias se tornaram hábitos muito mais que rotineiros - obrigações completamente sem sentido. Diga-se de passagem: não sou nenhum louco, como andam espalhando por aí. Me sinto como um ratinho de laboratório, que tem a vida controlada, senão agora por remédios, antes pelos hábitos estranhos. Recomendaram acompanhamento pessoal; estão dizendo por aí que eu tenho sérias tendências para me tornar um suicida. Sinceramente, não me vejo assim. Eu sempre fui o tipo de cara que viveu entre os extremos - hora me preocupava demasiadamente com minha aparência e o que os outros poderíam pensar de mim, hora me deixava levar pelas coisas da vida sem dar a mínima. Na verdade é uma questão patológica. Sempre me deixei levar pelas coisas determinadas, como se isso representasse a verdade maior que traría a minha felicidade. Ainda vou muito mais por achismos do que por uma filosofia própria de vida, talvez essa seja minha filosofia. Resolvi morar sozinho, depois que consegui meu primeiro emprego numa firma, aonde trabalhava de assistente do assistente que, organizava os documentos por ordem de data, alfabeto, etc. Tudo muito simples. Na verdade era mais uma experiência - abandonar a casa de minha mãe era um dos meus planos para alcançar minha tão sonhada liberdade. O salário bancava bem as bebidas, para elas eu era o mão de ouro. As contas eu ainda deixava na responsabilidade de meu pai. Estava certo que, em pouco tempo, me formaria na faculdade de direito e o exerceria com tamanha aplicação que, possivelmente bancaria meu próprio carro. Eu vivi enclausurado por estes tempos que passei aqui sozinho. A minha rotina se dividia em ir para a faculdade pela manhã, trabalhar pela tarde e, nada mais pela noite. Vez ou outra dava uma de CDF, com o enorme potencial que possuía. O rádio estava sempre com uma velha fita de slow blues, que tocava todos os dias, com a mesma tristeza e sensualidade de uma roupa intima dos anos 50. A rotina me cercou, me abraçou e disse: seja minha companheira. Eu sorri e fui com ela. Para ser sincero, sempre fui um preguiçoso de mão cheia - vagabundo de dar inveja. A situação foi tomando forma, todos os dias fazendo as mesmas repetições. No começo achava legal, alimentava no meu subconsciente a idéia de estar sendo organizado. Vocês tinham que ver o buraco em que eu morava. Um arranha céus de dar inveja a Torre de Babel. Eu morava bem alto, bem perto dos céus e de alguma força desconhecida. Gastava meu tempo andando pela casa. Chegou à um ponto em que eu já estava tão automático, que nem conseguia me concentrar. Não tinha cérebro, não tinha coração, não tinha a visão. Eu possuía muito mais que isso. Eu era todo um sistema que operava em favor da minha completa saciedade. Era como uma droga potente, cada vez que me pegava e eu utilizava mais. Os vizinhos me chamavam de exótico. Diversas foram as vezes que a polícia veio aqui dar uma revistada. Quebravam tudo. Tudo em minha casa tinha a ver com super-herói. Adorava o Lanterna Verde. Me sentia mesmo como um super-herói, que vivia isolado em sua mutação. Mamãe não recebeu mais notícias. Ativaram meu corpo a trabalhar como um zumbi. Perdi o semestre na faculdade por nem mais sair de casa. A situação se agravava. Mamãe resolveu então se preocupar. Como se não bastasse, nos 20 anos de minha vida ela nunca deu a mínima, fiz meu próprio caminho e estou aqui vivo. Agora ela quer ser A MÃE. Desculpe-me, mas laços afetivos nunca foram o meu forte. Até porque valorizava muito pouco o que meus pais haviam se tornado na vida - mamãe uma sanguessuga de papai, o workaholic diabólico. Mamãe sempre na cozinha, sempre resolvendo os problemas de papai. Papai sempre no escritório, só voltava para dar boa noite. Talvez seja por isso que eu valorize tanto por ela. Hoje é uma noite linda aqui do alto. Eu posso ver como as coisas se encaminharam. Um processo de causa e efeito, do mais puro, como manda o script. Depois de minha completa auto-insanidade de imobilidade compulsiva - repetitiva e humanófoba, mamãe resolveu que era hora de interver. Papai também concordou. Eu apenas aceitei. Me sentia tão imcompleto naquele momento, que nada mais me alegrava. Nem a lua - ela está linda hoje. Me levaram numa psiquiatra qualquer; atendia num consultório filho da puta, em cima de uma tapeçaria. Ela tinha mais peitos do que algum diploma. Gostosa o bastante para ganhar o meu empenho. Eu ainda pensava com a cabeça do pinto! Passei por uma série de exames estranhos, conversas idiotas. Nada disso fazia sentido para mim. Qualquer problema que eu tivesse, estaría muito profundo para que uma aspirante a puta o encontra-se. Fui então me tratar com outro médico. Era sujeito respeitável, denovo me ganhou pela aparência. Era a única coisa que eu valorizava numa pessoa. Então começamos. Nova bateria de estudos sobre minha pessoa. Resultado: dependente de hábitos compulsivos, sujeito à ações irresponsáveis, insanidade circunstancial, suicida em potencial. Uma bomba-relógio; eu tava fudido! Mas aí tomei gosto. Aquele bendito remédio me dava umas crises de otimismo irrealista. Era uma fé por dia. Até hoje vivo nessa merda. Estudando. Tomando remédio controlado. Torcendo para não matar ninguém. E o TOC tem melhorado muito, de umas semanas pra cá. Mas o que me acalenta, neste exato momento, é a beleza da lua...

segunda-feira, junho 11, 2007

Incesto

De frente ao banheiro, encontro-te nua, em posição estratégica, pedindo fervorosamente que atravesse tuas curvas numa cópula animalesca. A leveza do toque da gillette em tuas pernas me deixa completamente sem direção, perco a cabeça e cada porcentagem de sanidade é retirada com seu toque suave. O teu corpo pega fogo, numa maré de libido que me pega de relance, e me beija com tesão. Eu corro para o quarto tentando evitar que o pecado se cumpra. Ataco meu corpo com punhetas de um animal encarçerado, prestes a explodir de loucura. Finalmente, depois da chama milagrosa sair em mL's de ternura, lhe vejo colocar a toalha e se preparar para o banho. Apenas mais um condenado psicologicamente, que não sabe a hora certa de parar com esta loucura dos infernos. Meu corpo pede descanso, mas teus longos cabelos negros que recaem por sobre o cóx me instigam a invadir o teu terreno. Fujo de mim mesmo, a possibilidade de tamanha atrocidade contra tua inocência intocada não me levaría junto aos deuses do céu. Passeando pelo campo das negações providas de desejo eterno, sei que já me tornara um condenado a partir do instante em que me toquei pensando em ti. Sangue do meu sangue. Produto do meu clímax. Filha minha. O que se torna certo, neste momento ? Negar as razões e conceder carta branca aos meus desejos mais instintivos, ou simplismente abonimar-me como um louco e fujir deste lugar temoroso ? Dúvidas ressaltam sobre mim. Ereto e suado de tesão. E agora você se despe frente ao espelho. Quinze anos após você se torna uma bela mulher. De pelugem natural e de doce aroma de flores virgens. Intocada pelo pólen venenoso das donzelas do inferno. E agora me vejo por de trás da porta; minha princesinha eterna, eu choro pelo que faço. Venerando ainda tuas ações, lhe vejo tocar-se como se houvesse algo novo com o qual se socializava naquele momento. Foi então que a vi insandecida de perversidade, rapidamente agradar-se com teus dedos pequenos e envoltos de pelugem nova. Uma surpresa, mas um agrado. Sou o pior dos canalhas. E demorando a eternidade para satisfazer-te, resolvi abrir mão de todas as leis que regem este mundo são. Entrei. Com pouca surpresa ela olhou em meus olhos e me convidou ao pecado juvenil. Não me era esperada tal reação. Em minha completa auto-destruição isso não constava nos planos. Porém, doce alternativa me veio então. Começamos, pai e filha, dois animais no mundo da insanidade sexual. Eu, com toda minha experiência a tocava com real sutileza de desejos. Ela gemia vigorosamente, como uma cadela que tinha muito o que ensinar. Esquecemos de todas as verdades que habitavam nosso imaginário ético, naquele momento. Éramos um único ser. A união mais fantástica. Chegando-se ao ápice do incorreto, nos lançamos na água quente da banheira de marfim. Como aquela doce criança de dez anos atrás, relançou-se sobre meus peitos que batiam rapidamente. Levantei-me na hora seguinte, desejoso de pena. Engatilhei o revólver com a única bala que havia em cima da mesa. Alcançei meu momento de maior loucura. Tiro à queima roupa. Filha minha, morta agora. Minha auto-destruição se tornara completa naquele dia. Pelo resto da vida lembranças me foram vendidas pelo preço do tormento, e o que pensava ser a libertação completa, se tornara desde ali o meu pior lamento. Não demorou muito para que, agora, prostrado sob um banco sujo de um sanatório, escrevesse esta carta de despedida. Um beijo para a vida, e um olá para minha redenção.

sábado, junho 09, 2007

O desabafo

"A Terra Mágica está em caos. Sujeitos estranhos vieram e começaram a destruir tudo. O fogo tomou conta da região das ervas santas. A morte de diversos deuses enraizados aterrorizou à todos os habitantes da abençoada terra. Não foi possível uma negociação.
A sala das palhetas mágicas fora roubada. As doces fadas sofreram abuso sexual. As bruxas foram queimadas. Os goblins e orcs foram levados em jaulas. Os duendes tocadores de ocarina foram aprisionados em cubos de madeira. Nem os anões e unicórnios escaparam.
A região toda foi saqueada. Os condimentos todos foram roubados. O couro fora levado embora. A perfumaria também se foi.
O livro dos ensinamentos repassados através de mil gerações não estava mais por lá.
Era evidente a desilusão de nosso povo. Cada um fora tratado como escravo de meio metro e proporcional valor.
Nós, seres de tamanha destreza não os condenamos porém - no limear de nossa pureza. A arrogância anda ao lado dos que não sabem nada.
É sábio perdoar, tantos outros fatores os condicionam a fazer mil idiotices pelo preço de sua consciência. Nós, os seres da Terra dos Sonhos e da Magia temos medo de tamanha contradição. Vivemos isolados porque não compreendemos a dimensão da insanidade alheia. E o será assim, sempre."


sexta-feira, junho 08, 2007

Qual o preço do teu sorriso ?

Uma melodia é tudo o que preciso, um vôo por sobre linhas memoráveis. E se você não sabe como fazê-lo - e se você não sabe - apenas saiba que você será a minha eternidade, será apenas a melodia que preciso. Quando o sol chama os ventos de setembro, é uma longa data para tomar seu tempo (procurando por um pote de ouro). Indo e vindo, imaginando figuras, ouvindo vozes - reações de um cara forte que sabe aonde ir. O único acerto é decidir por qual estrada dirigir; e a noite inteira, tocando teus sentimentos fora daqui. Como se fosse preciso não mais que uma vida inteira para lhe abrir as portas, para que não se torne refém de si mesmo. É uma boa época para darmos uma festa, se você conseguir. Todos refletem brilhos de uma estrela; eles estão vindo nos abençoar, com um beijo. E você sabe que está certa quando joga as cartas por baixo e lança um cigarro - é um serviço público que presta aos irmãos, sacudindo suas almas. E todos nos acompanham, nós vamos de dentro pra fora. Como na noite passada, onde apenas uma reviravolta nos fez dançar rua acima, e eu pude realizar meus crimes em paz. Sem quebrar os novos sóis, só não quería parecer louco. Em um novo dia, eu gosto quando isso acontece - eu poderia ter chorado ou tentado resistir. Só não quero parecer um louco que precisa de algum tipo de ajuda. Vá em frente, bons sentimentos me tocarão também. Por onde quer que você siga, diga que me salvará por todos os dias. Na lua fria, no banco de trás. Uma brisa me trará a você, em dias pesados de céu azul e noites escuras, bem pertinho, ao seu lado. Notícias novas lhe farão como um breve estranho. Tentando acreditar - está tudo bem. Eles também se feriram estes dias. Está tudo certo, é difícil estar próximo. Mais difícil ainda é estar apenas por perto. Não faz sentido não entender, você não pode fazer tudo sozinho, não pode ser forte para apenas ir embora. Procurando respostas - algo em acreditar, chutando todas as portas - estando solitário. Esta é a última vez que precisa sentir falta.

domingo, junho 03, 2007

O amanhã

Arbóreos que vão se dominando rua acima.
A sombra do dia que ainda não beijou o sol.
Pretenções que lhe consomem.
Passando pelo presente, como se algo no futuro lhe brindasse a sorte. Na certeza que lhe permite o que está por vir.
Ofuscado pelos ácidos que descamam tua pele e lhe afligem o estômago.
Envolto pelo vazio da sonolência.
Xenófobo de ti mesmo.
A tampa que cobre tua panela.
O fogo que lhe faz fugir.
Controverso com teus pensamentos que nunca passearam pelo vão que produz algo próprio de si mesmo.
Algo de errado.
Infinita estrada marginalizada por lindas coníferas de inverno.
Outono esperançoso.
O macro mais importante.
O eu complexo.
A sabedoria que faz sexo com a simplicidade.
No dito pelo não dito é preferível a monotonia de monólogos grandiloquentes de sua própria cabeça, dizendo que não vá.

sexta-feira, junho 01, 2007

Santa Fé

Senhores de si mesmos, induzidos pela razão que tão somente nos guia, em caminhos verdes ao conhecimento. E que em momentos de fraqueza são tomados pela incoerência do instinto, que dilacera todas as leis vigentes. Sim, os quais se mantém firmes perante as ordens e, condizentes com tal realidade, prosperam no trabalho. Sería belo, se não fosse controverso.
O peso dos céus afeta em muito a sanidade lógica das pessoas. Talvez uma meia dúzia de romancistas brilhem à luz da utopia idealizada. Talvez toda uma sociedade também o faça. Latitudes e longitudes - a mesma crendice radical.
Perigosa sempre, brincando com o fogo é que se chega ao caos. Em pleno séc. XXI, temos o tão abastecido fanatismo religioso. É lei vigente, opera à favor das batas santas e cálices sagrados. Deuses distintos, crendices insanas. É assim que se observa o novo mapa mundial. Onde o mais poderoso líder da Terra é um escolhido de Deus. Egito, que se faz presente nesta sociedade evoluída ao extremo. Cada individualidade é tão significante ao ponto de tornar-se àquela massa poderosa. Um exército detentor de admirável fé, e proporcional dependência. Válido ressaltar também o preconceito fervoroso. Constante contradição. Igualdade e amor fraterno - bandeiras do cristão - utopias inerentes. Tantas variações do mesmo estilo de se crer em Cristo já nos mostra uma tendência controversa. Algo de errado não ? Tão certo como o certo é o duvidoso. Indícios de uma ideologia que busca oprimir da forma que lhe convém - o determinismo de meio garante a conjuntura das massas. E é assim que queremos nosso mundo: envolto d'algo que garanta ilusões que atuem por nós mesmos e nos alimente de massa encefálica negativa.