terça-feira, dezembro 25, 2007

Um pouco de lixo, de merda, um pouco do mais puro sarcasmo.
Um pouco de raiva, de melancolia, um pouco de álcool.
Um pouco de decepção, de vergonha, um pouco do mais deprecivo silêncio.
Um pouco de nojo, um pouco de esforço, um pouco de vômito.
Um pouco de alívio, um pouco de tédio, um pouco de raiva.
Um pouco de dor, um pouco de alívio, mais um dia.
Um sorriso pra disfarçar o azul, um corte no osso mais interno.

Lá se vai...

Pois é, amigo.
Pode demorar uma vida inteira pra achar a menina perfeita, aquela que foi feita pra você, e alguns segundos pra deixar ela ir embora.
E aí, meu amigo, nem mil vidas bastam para surgir outra.

O contador

Trabalho, trabalho
Números, para que servem se não para interagirem entre si?
Números são simplórios, o zero faz toda a diferença, mas também é só ele
Números são egoístas, gostam de seguir regras, gostam de serem exatos, vaidosos como só eles são
Números são malditos, diferem pessoas, convencem pessoas, enganam pessoas
Números são soldados a serviço do mais sábio
Números escravizam, matam
Maldita ditadura numeral
Números são complicados, são como os artistas da tevê
Trabalho com números porque gosto do que é pop
Talvez numeros não sejam pop por aceitação popular, talvez numeros sejam pop por se comportarem como tal.

Carta em branco

Meus amigos foram pro saco.
De certa forma os fatos já se encaminhavam enquanto éramos somente amigos.
Hoje parecem-me estranhos, com uma identidade natural mais estranha ainda.
Poucos acertaram a jogada, os mais espertos deram sua fôrma e a passionalidade humana o complemento.
Éramos unidos, éramos mais que qualquer clichê de propaganda.
Sinônimo de amizade.
Poucos (ou ninguém), hoje, me conhecem tão bem quanto esses garotos.
Contra o meu passado não há cartas para blefar.
E quando os recorro, o que tornou-se raro, nos últimos tempos, é apenas para uma saudoza oportunidade de dizer um olá.
Uma proposta incrédula e fria, palavras incompletas e o nervoso do primeiro contato.
Não era assim anos atrás.
Tudo bem, sempre assimilei o fato de que amizade não era lá algo de tanto valor. Nada tinha sua beleza.
Esquivei-me, é certo, várias vezes. Esquivei-me tanto que agora abordo tal melancolia.
Nesses dias o que se tem feito é pensar no futuro, ficar planejando tudo.
De uma forma pressionada pra falar a verdade.
Se pudesse, ficaria para sempre sentado no banco da praça relembrando toda a vida.
Não é algo do tipo descartável, não se assemelha a qualquer outro adjetivo, se não o de saudade.
Fidelidade é para poucos, ou para ninguém; vai ver inventaram-na com a intenção de evitar a dor da falta.
Vai ver não é tanto tempo assim.
Todo mundo deve sentir falta de algum amigo que se foi.
Todo mundo deve sugerir a idéia de querer voltar ao passado.
Com o tempo a gente aprende a tornar-se mais tolerante e, ao mesmo tempo, mais frios - talvez, até, um seja a causa do outro.
E aí as pessoas vem e vão.
É como na economia.
E o mais controverso e idiota dessa história toda é que, apesar do dito, nada se faz.
Bem que eu poderia pegar o telefone e ligar, marcar um encontro pra beber uma cerveja.
Depois que você percebe: " - Cadê os números? ".
Você também os esqueceu?
É tudo igual, apenas os nomes mudam...
Restou um, dois, de muitos.
Criançinhas mais parecem anjinhos.
O melhor, são deuses.
Queria crescer invertido, primeiro morrer e depois ficar velho, com o tempo viria a adolescência e por fim a infância.
Não sentiria mais saudades.
Chaplin devia sentir falta de amigos do passado também.

sábado, dezembro 08, 2007

Além do significado

Não pare pra pensar, não pense pra falar
Dormir é melhor que enfrentar, mentir para negociar
Homens inventam armas, inventam tecnologias
Estórias também são inventadas, e por que não aderir?
Abstração é capaz de tornar certo o que pode não se cogitar existir
Substantivar é algo mais difícil que simplismente adjetivar, então pra que se calar?
Socialismo etílico, reunião sincera
Filosofia de bar, de papel rasgado do guardanapo engordurado
Estejamos sóbreos e consideremos a possiblidade da depressão
Estejamos bêbados e o pior só vem depois, mas é tudo feijão com arroz, comum
Olhar nos olhos nem sempre é um ato de sinceridade, explicar por parábolas talvez nem seja sabedoria
Sinônimo de paraíso é céu, imensidão, naturalidade
Sinônimo de inferno... subsolo?
O tempo é psicológico, despertou a minha paranóia, regulo-o, precedo-o e perco-me
Perde-se saúde ganhando dinheiro, perde-se dinheiro recuperando saúde, algo está sempre errado
O certo talvez seja isso, e assim é a perfeição, o amor... isso já foi dito antes
Não haveria alegria se não houvesse a tristeza para ser comparada, o valor das coisas está no quão valiosas são
Extremistas não sabem realmente o que querem, são mais indecisos que os imprecisos
Conhecer um pouco de tudo pesa mais do que o conhecimento bitolado
Isso é importante,
A natureza é perfeita, Deus pode existir, ninguém pode explicar
Para dizer coisas óbvias com um toque de sublime desprendimento



segunda-feira, novembro 19, 2007

Jovem, bonito e saudável, mas louco

Louco como alguns definem como simplesmente fora da normalidade, louco para outros como sendo o problema maior, louco por ser estranhamente agressivo e demasiadamente risonho, às vezes. Esperava por isso, até pode-se dizer que, mal de família abençoa até os mais desapegados, mas não menos desavisados; era natural de ser - vivia ao lado de porcos e vacas que rosnavam baboseiras e chiavam desapreços. Existem sempre as duas influências creio, a que você escolhe e as que você evita. E por mais incrível (e desastroso) que isso possa parecer, a segunda é a que impõe as suas ordens. Acertar mil vezes é como errar duas. Tente ao menos ser o bom da história para ver como as coisas se encaminham pro teu lado. O babaca quer se meter a malandro, mas um malandro de verdade sabe a hora de sê-lo; e é isso que os diferenciam. O sábio homem adapta-se aos valores, talvez ontem não fosse verdade, mas em que mundo você vive? Certos sacrifícios não valem o peso da cruz, e muitos ainda pensam o contrário, quando auto entitulam-se mártires do mundo injusto. Frescuragem de frustrado covarde metido a sabichão. Essa é a melhor maneira de um tolo ficar biruta! Venenos são venenos, cobaias são cobaias. Há vitimas e coitadinhos, há ladrões e vitoriosos.
Problemas, probleminhas: por mais pequeno que seja... há formigas que matam. Lembre-se agora que caminhos errados você tomara, seguindo todos aqueles paranóicos pseudo-revolucionários de merda, que nem um dia pararam e pensaram que, o mais sensato é, realmente, ser o cara bacana. E até chamá-los de paspalhos você os chamou. Até riu da cara deles, e até hoje ri. Aí numa noite percebes quão burro tu és. E ainda ousara difamar os outros da classe. Os velhos ditados são como senhorinhas sentadas na porta de suas casas, sempre dando seus pitacos e conselhos que sempre acertam na mosca. Pessoas frustradas são, em sua maioria, revoltadas. Ou o contrário. E quando essa loucura toda afeta alguém requisitado à loucura, sai de perto, literalmente. Parecem animais que prevêem uma catástrofe natural, elefantes. Não adianta negares, os loucos não são, nem de longe, os sujeitinhos "normais" da sociedade. Quem alimenta essa idéia é porque não interage, nem o mínimo, para saber que, com coisa dessas não se especula. Ai de ti se serdes um louco depressivo com tendâncias suicidadas, de verdade.
"- Ele louco? Impossível; garoto sempre sorridente, nada paranóico..."
Ah, meu amigo... Paranóia de estar simplesmente parado no tempo, sorridente sem motivo, coisa que só um anormal faz, afinal todo mundo anda sempre tão sério! Paranóico a ponto de estar preso no âmbar da ociosidade profunda, mental. Como quando você lê mil vezes a mesma coisa e não sabes o que leu. Ele queria na verdade era ser normal, minha gente. Ele queria ser como o mais bem sucedido dos amigos - quem não quer. O desejo dele era ser normal em sua realidade social, enquanto tantos outros buscavam o paralelo. No paralelo ele se pertubava, na normalidade ele era o melhor...

sábado, novembro 10, 2007

Eu ainda sonho com o dia em que seremos só nós dois

Venha para cá, aqui comigo.
Estou sentado na mesma praça, com o mesmo jeito de ser: o último, do mundo, a dormir.
Não mais o ateísta radical.
Não mais o anarquista frustrado...
Desta vez não sentirás mais vergonha de estar em minha companhia, no máximo você me entenderá.
(Nada de sufismo ou taoísmo, ou qualquer outro "ismo", para confundir-lhe a cabeça).
É preciso abandoná-la, deixar a idiotice de lado. Como se o mais idiota fosse quem conscientemente faz idiotice. Se ainda as faço, é de maneira inconsciente.
Da penúltima vez que passamos juntos uma noite assim não aconteceu nada - talvez um prenúncio do que ocorreria - e, na última apenas um beijo sincero de "dê o fora daqui".
És meu paradoxo. Mas são nas contraposições que surgem as definições.
Se eu dissesse um "eu te amo" toda vez que não lhe encarava nos olhos, você viria?
Não me faças querer ir atrás de você, eu ainda sei como lhe proferir o olhar que lhe faz sorrir.
Eu ainda sei prendê-la junto aos meus braços para que você se sinta segura e nunca mais saia.
Eu sei te fazer melhor, toda vez.
Se foi assim, por que não veio ainda?
Desta vez eu não me importarei em ficar um momento em silêncio.
Mas no banco da praça só me restam as parábolas noturnas.
"Como se houvesse o teu veneno inoculado ainda em meu sangue..."
"Como se o teu cheiro fosse o perfume natural de minhas impressões..."
Pra falar a verdade, não há razão em direcioná-la palavras bonitas sem que haja um interesse. Sempre haverá um gozo no final, pro bem ou pro mal.
Se é assim, por que não ficaste?
E aí eu começo a rir de desdespero...
De quando eu gozava quando te abraçava, e como sentia depois de cinco abraços.
E daí eu surto total...
Alucinando sobre como a gente sempre tinha o que conversar, como sempre tínhamos um ao outro, apesar de não termos ninguém por perto.
Se fora assim, por que não estás aqui?
Tudo bem que fui um canalha, tudo bem que falhei várias vezes quando o assunto era normalidade ou caráter, tudo bem que pareci louco insano depressivo e o diabo a quatro... e não foram muitas vezes, foram todas simplismente!
Pensando um pouco não me parece "estar tudo bem" - esses modos de dizer nem sempre significam o que queremos dizer...
Bem, eu só quero que venha ficar comigo. Seria pedir demais?
Fora você praticamente que enviou-me uma carta de esquecimento, com aquele olhar mais forte que qualquer insulto ou provocação, aquele mal encarado jeito de me dizer "não percebe que você é um babaca meloso". É, certamente, um pseudo amor, e sem sombra de dúvida uma relação mal resolvida.

O astronauta

Vamos para um lugar que nunca fomos antes
Com janelas que não trazem lembranças
Onde o silêncio invade e nunca mais sai
Vamos para um lugar escuro
Mas que ainda assim pode queimar seus olhos
Cada átomo de nós um dia foi uma estrela
Talvez estamos indo para casa
Não sei muito bem para onde vamos
Mas não é muito longe daqui
Longe o suficiente para que Mefistófoles não nos ache
Cercado de mastodontes e dodôs
Logo após a mais densa nebulosa
E ainda assim não encontraremos Deus
E nem Deus nos encontrará
Vamos para um lugar em que todo esforço será em vão
E todo vão será nossa casa
Cada átomo de nós um dia foi uma estrela
Estamos indo para casa

domingo, outubro 21, 2007

Eixo alfa

Não existe o amor.
Não existe a verdade.
Não existe a paz.

E enquanto todos buscam incessantemente essas ilusões, a vida se esvai em seu sentido mais amplo: o viver.

Não existe o amor.
Não existe a verdade.
Não existe a paz.

Você é a única verdade, a paz interior e o próprio amor; é como abraçar o invisível, como beijar o intocável.

Não existe o amor.
Não existe a verdade.
Não existe a paz.

Enquanto buscam-nas, tornam-se mais vazios de si mesmos, e acabam se perdendo nesta estrada desastrosa.

Não existe o amor.
Não existe a verdade.
Não existe a paz.

Você se descaracteriza mais e mais, a medida em que busca nos outros o que está em você.

Não existe o amor.
Não existe a verdade.
Não existe a paz.

Viver não é teorizar sobre a vida, nem buscar fórmulas fixadas para se alcançar a felicidade; se é feliz quando vive, e se vive quando buscas somente a ti mesmo.

Não existe o amor.
Não existe a verdade.
Não existe a paz.

sábado, outubro 20, 2007

Tempos atrás

Deus te abençoe então, meu filho. E aqui deparo-me com estas fotos; reparo nos fatos e até os narro. Desde agora a nostalgia toma conta. Partindo por um bocado de impressões positivas à respeito.
Penso, quieto comigo. Meu amigo é minha melhor companhia - estar só pelo preço da compreensão. Sem que haja um amanhã desrespeitoso quanto às nossas esperanças. E é tudo que se deseja e, mantém, pelo tempo que lhe restarem as fotos.
E você torna a olhá-las com doçura.
Foram épocas vividas com naturalidade e pureza. O passado sempre é honroso - apenas memória seletiva [?]. Por dentro de cada flash existia um momento, onde os sorrisos foram retratados e o simples fato da vida foi posto como eterno. Por fora estão os teus olhos, os mesmos que há quinze anos eram cobertos pela franja fina. Olha para si mesmo, vê-se como é apartir do que era. Como num espelho, torna-se assim real a ponto de analisar o que ficou para trás.
Aonde estavam as preocupações, e por onde andava a tristeza? Estávamos à trilhos de distância do vagão que as continha. Certamente estamos bem mais perto, agora.
E a cada novo detalhe que percebe, relembra-te então. Ruas onde se podia até ter a noção da liberdade. Se hoje sonhas com o vôo irreal, ontem asteava as asas para partir.

Relembra mais uma vez, as brincadeiras. E lembra uma vez mais, as pessoas.
As quais sempre pareciam ter mais de muitos metros acima. As quais não se reconhecem hoje.
Estas fotos não conheço, não as reconheço como lembranças. Não lembro-me, cá estão a ser estranhas, pois. Pessoas não menos sorridentes, bebidas às mãos, simplicidade na aparência, mas uma nobreza inconstante nas feições. É o desenho mais boêmio que já pûde perceber.
São laços sanguíneos, e históricos. Talvez seja parte do que sou, hoje.

E todos bebem, todos de certa forma possuem simplicidade no coração. Alguns com mais nobreza, adquirida. Outros com nobreza de classe, roubada. Mas todos com um quê de benevolência.
E eles também observaram as estrelas uma noite, e todos eles admiraram a natureza, fazendo sexo com o cosmos e brincando com os sentidos. E todos olharam as fotos, esta noite.
Quando sonhamos estamos a sermos observados, lá do futuro. Um retrato não permitido.
E quando olhamos para trás, sonhamos o inverso, sonhamos o que não podemos cogitar, jamais. E é por isso que às vezes dói. Da mesma forma que olhar para o futuro conforta.
Meu presente torna-se estéril então.


(...)

domingo, outubro 14, 2007

Algodão Doce

Já não me importa, e não convém; tua face é velha conhecida do meu despreso.
E sempre o foi, desde o primeiro falso sorriso que eu proferi.
Assim, então, de relance como uma previsão sobre quem eras tú.
Mas não serei capaz de julgar-te uma vez mais, de costume apenas lhe deixo a minha antipatia sádica.
Já não me importa, e não convém; todo o teu charme que te compra, mas a sinceridade que não lhe é amiga já me adiantara muito sobre tais promessas.
E tua boca repele, apesar de absurda tentação, joga para lá todo bem que podia beijar-lhe as maçãs.
É manhã e já estás obscura, tão quanto és a noite que abita minha calma.
E o que importa a ti, e convém? Se mil preceitos desejosos negam o conhecimento a longo prazo...
Se é assim que se encaminham as formas, não desejarei uma vez mais tê-la primeiro. Impressão que fere.
É a fagulha do pote dourado que rabiscara há tempos remotos; tão receosos foram as intensões de pintá-la com traços reais e inteiriços.
Mas ainda não brilhou o último fio da esperança. Tal qual tingiste minh'alma com despeito.
Mas ainda não raiou a infinita paz. Como dante esperei.
Já não me importa, e não convém; olhá-la breves instantes apenas para sugerir estarmos ao lado um do outro.
Senti-la como se sente o espírito divino... simplismente como a droga que alimenta a todos de breve euforia e o mais tolo dos pesares - repentina felicidade.
E o que pensas ti, neste mar de opções? Não lhe compro a certeza de estar sequer um momento contínua.
Não lhe vendo as impressões românticas.
Já não me importa, e não convém saber de ti.


domingo, setembro 30, 2007

Pelo Meu Direito de Ser o Idiota

Como você esperava que eu agisse? Eu estava com raiva. Com você não entende, você é burra? Não é paranóia, é muito fácil perceber que algo está errado. Não existe pessoas tão certa como você diz ser, existe sim pessoas igualmente mentirosas. Meu Deus, quanta arrogância, desde quando você começou a pensar que consegue me enganar? E pensar que eu comprei uma rosa, que fiquei pensando no que você pensaria, se acharia engraçado como eu estava achando. Bem, que se foda. Não quero ser piegas. Você não me tratou mal, embora todos digam que você sabe fazer melhor. Você foi só mais um desperdício de tempo rotineiro, nada que seja digno de uma segunda reflexão. E por isso te trancarei nesse texto, de onde nunca deverá sair. Talvez assuma um tom de despedida apartir de agora, e ninguém melhor do que eu para garantir que esse tom será apropriado.
Não é exagero dizer que ultimamente, minha ração de alívio tenha sido entregue diariamente e pessoalmente por você. Se fui um pouco insistente quando não deveria sê-lo de forma alguma, peço desculpas. Mas preciso defender o meu direito de ser o idiota, de observar sua falta de maturidade e tato para apenas tampar minha boca até minha mão ficar cheia de bosta. Talvez tivesse sido uma boa escolha pelo menos tentar disfarçar as camisinhas na sua bolsa, que não eram destinadas para mim, mas para alguém que eu não conhecia, e nem você, fato que comprovei no dia em que violei meu direito. Porquê? Quando só eu me importava. Melhor dizendo, quando só eu me importava sem desejar uma daquelas camisinhas. Nós dois sabemos que eu as receberia no momento que pedisse. Mas não. Nunca pedi. Você não vale o preço da minha alma, embora confesso que cheguei a pensar que sim. Me enche de pena e tristeza quando percebo que você nem ao menos sabe o que faz com seu próprio corpo. Apenas uma menina entediada, que precisa se provar sensual, mesmo que isso signifique dividir a cama com o menos merecedor. Você nunca vai acreditar em mim: definitivamente você não precisa provar nada.
"Não me pergunte isso. O corpo é seu, você faz que bem entender. Apenas assuma as consequências. Mas se isso significar me perder, acredite, você se arrependerá e amaldiçoará o dia em que nasceu, todos os dias, e falo isso porque ti conheço mais do que você mesmo". Resolvi que antes de voltar para dentro, iria lhe perguntar três vezes. Uma mentira, e meu respeito por você seria dilacerado. Duas mentiras e nos tornaríamos perfeitos estranhos, para sempre. Três mentiras, eu lhe condenaria ao pó, tracada para sempre em uma última recordação, uma última carta, uma análise fria e desapaixonada de toda a nossa experiência juntos, que já pareceria separada por mil anos a essa altura. "Tudo o que ele diz é verdade? Claro que não, olha pra minha cara. Responda: Tudo o que ele diz é verdade? Claro que não, você não confia mais em mim? Eu vou ti dar mais uma chance, e se você estivesse ciente da sua posição, iria agarrá-la sem pensar; tudo o que ele diz é verdade? Não, eu juro por Deus.". Você cavou a cova. Eu era apenas o padre rezando pela alma perdida. Eu lhe disse coisas terríveis, mais terríveis ainda por sua verossimilhança. A única coisa que não foi terrível foi meu tom de voz; minha conciência achou melhor tomar um ar antes de voltar pra cabeça. No mesmo dia, o primeiro pivete que colocou sua cabeça no ombro te levou ao banheiro mais sujo e próximo, sem nem saber o que tinha nas mãos. Não, minha punição não havia sido pesada demais, como temia. Pelo menos não naquela hora.
Mas de qualquer forma, por favor, não tome como irônia: Obrigado. A perpetuação do meu direito de ser um idiota. Pelo menos, minha moralidade já se tornou mais forte que minha vontade, tudo por causa do medo de encontrar outro de sua colônia. Por todas as vezes que fui feito de idiota, agora retribuo o favor.

quarta-feira, setembro 19, 2007

Amor Fétido Real

Eu te amo,
Não consigo te esquecer,
Você é como uma amiga
Que eu posso fuder.

Sem preconceito,
Sabe, amizade colorida,
Você passa a mão nas minhas pernas.
E eu na sua barriga.

Assim, amor animal,
Homem em cima,
Mulher em baixo,
Macho com fêmea,
E fêmea com macho.


Nosso amor é uma máquina,
Sempre movida à pilha,
Mas eu sei que você gosta
Quando cheira minha virilha.

Minha virilha fede a sebo,
E a sua a azeitona,
Mas o sebo vem do bezerro
E a azeitona do pequizeiro.

Eu sinto sua língua quente passando por minha bunda,
Ela circunda meu buraquinho,
Mas desvia e faz a curva
Sorte a minha, ia virando um mocinho!

Vou meter como se não houvesse amanhã,
Pode ser um chapéu, ou quem sabe até um tênis,
Pode ser uma empada ou um croassant
Meter enquanto tiver pênis.

Entre o dia e a noite,
Só existe o pôr do sol,
Entre minha língua e seu açoite,
Só existem umas latinhas de Skol!

E nesse friozinho,
A cerveja gelada passa no seu corpo todinho,
Ah, como é docinho:
Eu bebo a gelada e lambo o quentinho.

Queria que você fosse mais bonitinha,
Que não parecesse o meu saco:
Tem peito de empadinha
E rabo de macaco!

Paulão e o Pombo Bobo

Tudo começou numa tarde de outono. Eu perguntei se o papagaio morreu ou se estava só com sono.
A dona respondeu que não dá pra saber, parece que morreu, ou tem preguiça de viver.
A sua vida parecia com a minha; era sem graça e sem ação, ele só dormia, dormia, dormia - preguiçoso e beberrão.
Sem saber o que fazer, procurei um veterinário, sem a mínima vontade de gastar nem um único centavo.
Ele me deu uma bronca, chamou-me de descuidado - o papagaio não queria viver porque era pombo viado.
Estava longe do seu amor, que vôou para bem longe e, sem o Ricardão, o pombinho virou monge.
O pai o havia expulsado de casa e a mãe o deserdado. Então, ele ficou desesperado.
Mas, encontrou Paulão - que lhe deu apoio e compreensão.
Sentiu-se como uma galinha; aquele pombo bobo... era sempre com a boca no pinto e sentado no ovo.
Cansou de ser a mulher da relação, pegou meia dúzia de ovo e tacou nas costas de Paulão.
Matou os doze filhos, usando sua asa para isso. Mas Paulão não queria ser o passivo, então pegou as malas e nunca mais deu aviso...
O pombo era bobo e brigão, mas nas terças e quartas queria era meter o bicão.
E essa relação afetava sempre os dois, até que o pombo bobo pegou o feijão, e paulão pegou o arroz; partiram numa fuga brusca - pombo bobo foi de bicicleta, e o paulão de fusca.
Hoje em dia Paulão está resolvido - casou com uma galinha e tem três paulinhos. Mas o pombo hoje chora quando lembra daquele ninho.

sexta-feira, agosto 17, 2007

Autista

A passos rápidos, sempre em direção de casa. Concentrado apenas em si e no que a música lhe falava, concentrado não nos efeitos, mas em todas as causas. Os motivos, a incompreensão que gerava a loucura e a sorte que levava a beleza. Era tudo motivo para que se ausentasse por um instante.
Ali no canto, como sempre, como quem se esquiva de um golpe, ele desviava os olhares. Olhava para o chão quando não queria ver o mundo, olhava para o céu quando queria fugir dele. Não era um tipo de covarde, ele não havia comprado essa luta para que fugisse de algo. Não existem competições quando você está por fora. Era um sujeito comum, com traços errôneos, com uma mente irregular e estéreo. Passeava pelos zumbidos como quem não se importa com as pedradas que leva. Levava a vida pelas emoções; hora sensatas, hora marginais. Não um rebelde sem causa. Sua causa era o mundo e a vida em si. A rebeldia era algo normal que ele via. Uma rebeldia arredia, porém breve e sem um fundo seguro. Não há motivos para apenas questionar. Tudo existe como é, e quando se é, em partes, beneficiário, para que mudar? Ele só queria que a vida passasse. A questão de ser cem por cento não lhe agradava, cada dia um grão diferente fertilizaria teu solo.
Alguns mais comuns e outros nem tanto. Cada dia que passava percebia o quanto mais introspecto ele se tornava; talvez por vergonha, talvez por medo, talvez por indiferença (opiniões geralmente não alimentam). E foi assim até o dia em que o vi dar a volta por cima de todos que riram dele. Seu tempo de recolhimento durante aquele anos todos lhe renderam o acúmulo necessário de impressões para que, assim, pudesse usá-las como antídoto. Uma espécie de faculdade mental sobre cada indivíduo daquele círculo social.
Era enquanto todos caminhavam incessantemente pelas ruas, que ele sonhava acordado olhando para si mesmo daqui há alguns anos. Era quando todos dormiam que ele construía suas teorias de vida. Suas próprias verdades que não seriam facilmente abaladas por outros tantas. Quando tantos rebeldes íam contra os fatos reais do mundo, ele apenas respirava com um ar de homem mais velho. Um homem velho que vivia ali. Não um rapaz que achava-se superior, não um mar de ignorância nem arrogância. Apenas um espectador dessa peça chamada vida.

sexta-feira, agosto 10, 2007

No Divã

Isto não é terrorismo mental, não passa de uma simples confusão crítica.
Todos estão tão certos de si que acabam se limitando, fica assim insuportável de se levar.
Eles acham que discutem sobre as causas do mundo, e tentam explicar as verdades, tentam encaixar respostas.
Uns sofrem súbitos ataques de estranhesa, que me dá nojo todas as vezes, esses parecem animais insanos prontos pra qualquer balbúrdia.
Outros são tão inconsequentes quanto meramente normais, não que eu abomine isso, eu prezo pelos meus achismos, apenas.
Sob uma capa de veludo chamada silêncio e armado apenas por sorrisos, é só isso o que tenho a oferecer à todos e qualquer um.
Certas vezes acho que sou um bobo da corte.
Quem ri comigo?
O tempo passa nas horas que não quero, e apenas me situo como um personagem nulo da história.
Mas não ser um mártire não me complica em nada. Sou feliz rindo inconscientemente.
Traga o doce nos lábios e sempre sentirá teu gosto.
Me incomoda bastante o mundo assim tão complexo; verbos que se contradizem tentando explicar substantivos que ainda não possui nome.
O básico torna-se luxo e aí diz-se sobre ser intelectual, sobre ser superior.
Eu realmente acho tudo isso uma merda.
Também não quero rotinas imbecis.
Só de pensar que a cada dia você morre e todo ontem lindo lhe faz descobrir que o amanhã pode ser eterno.
Você não dá a mínima.
O circo todo se apresenta nesta noite.
Vejam as pessoas atuando em seus papéis, o mais fiel quanto puderem;
O sábio no papel de humilde, o cristão no papel de pagão, o triste no papel de risonho, o tolo no papel de malandro.
As peças mudam de forma, mas o quebra-cabeça mantém sua forma.
Não ache que não vai me machucar só porque estou o tempo todo quieto.
Não me convoque para o que no fundo acho estranho.
Tá todo mundo vivendo numa puta loucura, estão por aí discutindo teorias de um cara qualquer.
Apenas um bêbado formado em porcaria que não me interessa, fazendo de coisas sem vida o motivo dela.
É como um apagão mental.
E aí o tesão te pega, aí você quer que tudo venha de quatro pra você.
Existem dois momentos de maravilha na vida; o que precede o orgasmo, e o outro que faz-se de sonhos.
Sexo e esperança é tudo que eu preciso.
Dizem viva dessa forma, dizem viva de outra maneira.
Mas não vivem tua vida, eles julgam o porque dele ter se matado, porém suas palavras não transmitem os sentimentos necessários.
Sentimento, verdade... tudo tão individual, entretanto tão julgado e classificado.
Deixa eu me empanturrar de filosofias idiotas, de palavras contraditórias e de tudo que eu quiser fazer.
Não é anarquismo psicológico, não.
Se eu me sentir bem indo pra igreja e dando meu dízimo eu o faço; se quiser criticar a política eu critico; se quiser me coçar no sofá vendo Faustão, me deixa assim.
Não viva minha vida por mim.
Não compre minhas palavras, apenas alugue-as.
Simplismente troque, e depois destroque.
Apenas uma coisa sem compromisso.
A liberdade está na solidão.
Se por hoje eu fumo maconha e se amanhã já ache isso digno de um fraco idiota, que se dane.
Nossas vidas se baseiam na contradição, e isso é o correto.
Quem caminha tentando a perfeição não conhece o outro lado da moeda.
Estou do lado que me mantém no conforto, não agradeço por isso.
Não faço obras de caridade, e tenho um puta preconceito contra neguinho metido a bandido.
Tenho minhas tendências de suicida.
Mas também sou um cordeirinho de deus, um novato inexperiente e com medo de tudo, que espera pra fazer, mas que sempre prefere a aula prática.
Mas e daí?
Talvez seja um dos joguinhos que todos preferem.
Julgar.
Uns por aí dizem que isso é falta de ter o que pensar.
Mas enquanto uns são felizes assim, outros apenas se fazem de sensatos mas no final do dia enchem a cara e batem punheta no sofá.
São todos porcos imperfeitos maldizendo uns dos outros.
É sempre o combate e o embate de classes.
Se você acha que o mundo vai mudar radicalmente depois que você assinar aquele abaixo assinado que o faça então, mas não se meta na minha liberdade individual.
Prefiro dormir e sonhar...
Na natureza você não vê imposições.
Você não percebe injustiça.
Pode ser isso que me incomode de verdade.
A pior arma é a sua opinião.
Uma opinião pode transformar pó em ouro.
Tem gente que até se especializa na arte da mentira, ou da retórica.
Elogiam os loucos, exlicam o comportamento humano, todos se surpreendem com coisas óbvias ditas por uma cópia.
E assim vão se seguindo os modelos.
Anarquistas de final de semana, comunistas globalizados na onda do capitalismo, judeus, lésbicas, blá, blá, blá, blá, blá.
Tudo se transforma numa entidade política hierarquizada e com leis próprias.
Assunto que não importa a ninguém.
Somente passatempo pretencioso e egoísta.
Achismos ignorantes aos olhos dos mais sabidos de alguma coisa importantíssima e vital.
Mentiras e porcaria pros revolucionários mensais.
É uma gota do chá que transborda na tua chícara.

terça-feira, agosto 07, 2007

Sobre a decepção

Dizem que quanto maior o pulo (o tamanho, a intensidade, a altura...), maior a queda, e parece ser verdade. Quanto mais se sente bem, mais dói depois. Quanto mais você se garante, maior é a repulsão de si mesmo depois da derrota.
Mas a minha decepção não é definida, nem indefinida, não sei se é real, ou se é outra coisa que me consome em minha cama antes de dormir, ou nos períodos de ócio em que a única coisa que passa em minha mente é a música e o rancor. Deve ser rancor.
A minha decepção (rancor) é algo acentuado, algo relacionado com insegurança e sentimentos de solidão, onde tudo parece lixo, onde o que eu tenho não é mais seguro, onde meus relacionamentos são frágeis e falsos.
Insegurança...
Agora sim! Acho que tenho medo de perder tudo aquilo que me parece lixo, tenho medo de perder meus falsos relacionamentos aos quais me dedico, verdadeira e puramente, de corpo e alma, tenho medo de eles não se importem da mesma forma que eu. Percebo, sim, que cada pessoa se expressa de uma forma, e que algumas só se expressão depois que a outra se expressa. É onde vem a dúvida, a insegurança. “Será que o sentimento d’outrem é verdadeiro ou será que é apenas uma resposta, culturalmente formada e rapidamente executada e expelida, por lábios puros, que para você são a única coisa que importa no mundo”.
Este sentimento é outro desprezível e egoísta, faz doer demais, faz romper demais laços de relacionamentos, mas o que acontece, talvez seja uma fraqueza de identidade, de alguém que é alguém perto de outro alguém e outro alguém longe desse alguém, ou então alguém que é alguém perto desse alguém e mesmo perto dele se transforma em outro alguém.
Mas o que é certo é que tudo é incerto, e meu sentimento, me consome a cada noite, e não sei se vou conseguir sobreviver a isto por muito tempo antes de cortar o mal pela raiz.Não sei se vou mais escrever sobre o amor, talvez meu eu-lírico o queira...

segunda-feira, agosto 06, 2007

Para Sempre

Quando a luz da noite é a mais bela perante a claridade do dia. O frio estremece como um uivo na madrugada, e bem perto de mim o céu vaga solitário; como um pai que zela o sono de seu filho. E este que não me vem, que somente me maquia com uma fina camada de sossego (sublime desespero).
E quando você deduz a tua liberdade mental como sendo a única, você também percebe que ela se torna amplamente vaga. Diante de seu isolamento as formigas caminham como fosse uma tropa; quando se está sozinho logo se pensa nas multidões. A tua imaginação lhe faz tranceder além da dor e a ilusão desencontra.
Talvez o incerto abale, talvez o medo nos mantenha vivos, como uma estufa quentinha ou uma bolha segura. E por simples descaramento temos meia dúzia de respostas cretinas para cada pergunta levantada.
Penso em partículas que somos, em parte de um sistema que vai além da Via Láctea. E se a mentira fosse a única verdade desse mundo?
Placebos tarjados de vermelho e especialistas em ilusionismo vestidos de branco, o laboratório cinzento armazena e o universo processa.
Penso que somos o quadro a ser observado, uma obra mal feita, uma história mal contada ou um microchip defeituoso. Uma palavra ordinária, amarga ou doce, indigesta ou que asacie. Estamos a mercê da cadeia alimentar. Retardando o envelhecimento - a espécia debilóide e primitiva, fantasiada de moderna, que não vive para viver, mas apenas sobrevive pra não morrer.
Talvez por isso não sejas um insistente. Por que as pessoas lutam?
Parábolas que se costuram através dos neurônios e tentam definir os teus pecados - queria ser tão somente um orgasmo eterno. Supomos as verdades para valer a vida, aceitamos mentiras para temer a morte. Na realidade fantasiosa, o sonho eterno cá está. No céu as luzes da cidade brilham e aqui embaixo as nuvens são de areia e sal.
Todos candidatos a líderes, tiranos de si mesmos.
Sobrevivamos então, às custas do amanhã, impanturrando-se de sonhos, desejando implicitamente o dia em que não mais viveremos "sonambólicamente".

sexta-feira, agosto 03, 2007

Lua

Os bons ares desta cidade encontram-se densos, neste momento. Sujos de gordura e abafados de rancor. Toda essa malvadeza um dia chegaria por aqui, não poderia ser diferente. De certa maneira é algo positivo, dá o exato contraste com o que brilhava puro por essas bandas.
Quando sento por aí, em qualquer canto, pensando na vida, aproveito para amar um pouco do céu, que hoje é estampado de metal. Aproveito para dizer: "Puxa vida, como a noite está clara, como a lua está luminosa, e como os ares estão surtindo vibrações felizes por este local." Talvez se pudéssemos ver a vida por outro ângulo não precisaríamos frequentar igrejas ou ler livros de auto-ajuda. Mas por hoje, tanto faz.
O que não é artificial? Quem sabe o que é real? Você definitivamente se prende na rotina, se torna desesperançoso e passa a atuar como uma múmia. Você se torna frio e indiferente. Todos os dias você se crucifica com o peso de sua cruz. Olhe para cima. Ria do mundo que está lá. Sentado no último banco, um breve momento que acontece, e você o ama somente porque não te faz chorar, você o chama de lindo. É uma estadia curta e sem razão para realizar.
Fico a imaginar o quão belo não era na mais primitiva comunidade humana,onde talvez o amor pudesse flutuar e o instinto caminhava livre. Era onde vivíamos apenas para viver. Um café ou um dia difícil, noite e dia são apenas horas no seu relógio. Chuva, frio ou calor são apenas previsões. Galhos secos destacando-se no azul acizentado do céu num dia nublado... você não sabe o que é isso! Não imagina o cheiro da chuva e a alegria que ela reflete, você está apenas preocupado com o pára-brisas do seu carro. Você não tem um melhor amigo! Você só se relaciona com as pessoas buscando algo em troca, não vê que o valor de alguém supera qualquer valor material. Você se ocupa com papéis, com preocupações. Você desocupa um espaço no coração de quem te ama, cada dia mais. Você acusa com um dedo, enquanto a culpa dos outros três se voltam contra você. Se lembre disso, você sempre está em dívida.
As famílias não mais se conhecem e parecem ser loucos dentro de sua própria casa, a criança se pertuba e tem pesadelos. Os valores de antes tornam-se sinônimos de um inferno.
Enquanto você se deleita com as árvores no seu caminho (que mais parece estar abençoado por tons primários do arco-íris, com cada animal que sorri e cada fonte nova de prazer que lhe é sugerida), os outros estão apenas sendo gente do mundo. A saudade bate, parece que aquele coelhinho lá na lua era seu antigo amigo. Ideologias, filosofias, teorias, leis, relacionamentos... tudo adquire um valor pífio. Suas noites de sono são felizes pois você sabe que vai viajar. E daí você embarca no navio que leva os sonhadores à sua cama de rosas. E lá você ama, foje da razão, das emoções. E depois tudo parece ter sido louco, você ri e os outros apenas o definem.
E quando há um erro aceso próximo a você, apenas o lamento se faz preciso. É bastante triste não ser perfeito. Perfeito assim como a natureza, da qual você queria fazer parte. Que tal ser um cogumelo numa floresta ecantada? Ou quem sabe uma concha no mar... E nesse desafio, as rédeas são tomadas no caminho para a outra vida. Outra dimensão, outro propósito mais coerente e sensato, o qual não seja tão impuro e infeliz. Você percebe um quê de sabedoria no suicídio. Mas sabe que está aqui por pouco tempo, e então uma esperança brilha pra você. A ordem natural da vida é a que se mantém. Um dia você morre, um dia você vive, mas você continua eterno. E não há como entender o porquê das coisas, nem como.
Agora você quer ser único, estando sozinho você está completo. Você tem a natureza, você tem a vida. Nada mais lhe chama a atenção, e você se divide ora sendo apenas um humano comum, cheio de sentimentos comandados pelo aprendizado fajuto, e ora sendo apenas parte de um processo o qual todos estão sujeitos, e é aí que você se considera feliz, porque você é deus de sua própria existência.
Nestes dias em que armazeno o máximo de mim dentro de cada certeza que me toca, sinto que vou me fortalecendo. Não vale apena, certas vezes, ser inoportuno. Quero ser tão somente como a lua - que traz luz a todos, ora pequena, ora grande, mas sempre fiel e companheira. Não distingue e não julga e, sendo assim, sempre se encontra acima de todos.

domingo, julho 29, 2007

Estou indo embora, para casa

Às vezes, quando me pego acordado na madrugada,
De roupão e chinelos,
Tomando whisky e fumando cubanos,
Pensando no passado, fazendo ligações entre o errado e o certo.

Às vezes, quando me sinto solitário,
Ouvindo meus vinis clássicos de rock’n roll e bossa nova
Sentado em frente a minha velha lareira, em minha cadeira de balançar,
Tentando me aproximar da música, tentando imaginar onde você está.

Meu pensamento me guia distante,
A lugares onde certamente você não estará:
A pesadelos cruéis, insaciáveis como vida;
E sonhos feitos de mais pureza e inocência do que a própria morte.

Enquanto caminho em direção ao túnel iluminado,
Encontro uma maneira de te encontrar,
Penso em tua pele, no teu cheiro e teu abraço,
Penso nos seus beijos, sua boca, meus desejos.

Penso em como a vida é boa ao seu lado,
Em como estar com você me faz bem, me faz querer mais,
Penso em como seria bom ter você pra sempre,
Por mais que o pra sempre seja curto demais.

Por mais que eu tente e que eu invente,
Por mais que eu procure explicação,
Não houve, nem haverá, sentimento de mais louvor,
Que vem da alma e arrepia a espinha,

Que queima de desejo e se esvairia pelo peito,
Que some num beijo quente, por mais que eu tente,
Nunca haverá, dentro do coração, mais forte emoção.

sábado, julho 28, 2007

Amigo

Esta talvez não seja uma documentação brilhante de uma mente criativa, e talvez não seja fiel as verdadeiras intenções. Esta pode não ser aquela que poderia ser, e nem é o que fora quando era aquilo. Não é suja de teorias e nem límpida de simplicidade. Não é venenosa de opiniões, não é quebrada de emoções.
É de como se espera o dia levando a noite, é assim que se é. Como sempre foi.
O final se vê pela janela e o preço da coragem é pago em prestações alcoólicas. Na pequena diferença onde residem as grandes particularidades. Semanticamente diferenciados. A moral e a sabedoria.
Conceitos que nos fazem admitir relações e nos tratar apenas como seres específicos, limitando-se no limear de nossa eterna inocência. A ignorância é múltipla aos olhos de um revoltado, e pode até ser real quando não se enxerga com olhos de pirata.
É apenas o extremo que se toca de sua burrice e a generalização que é sempre apressada. O equívoco caminhando na velocidade da luz, é a própria estrada. São os tempos da ciência onde perduram as ações inexatas.
É a coesão e o declínio de um santo que caminha com o manto púrpura. É a abdicação do imperador. São causas raras de acertos oportunos. É o nada que se diz tudo e se fantasia de pouco - como se ele não fosse o bastante para o insuficiente.
A conversa silenciosa e o segredo de um mudo, a confiança do não dizer numa conversa amiga.
É o mesmo fluir da dança que toca as tuas cordas vocais naquele dia em que você se sente belo.
É apenas o mais simples dessa Terra, e é o menos complicado. Que não indaga, que se contradiz, o que acredita ser feliz, e por isso é.
Ele é o exagero que se faz nas comemorações, e é a economia que se faz antes delas. Têm o mesmo rótulo que fantasia nossas impressões, e a mesma influência dos livros milenares. É o lado da moeda que se mostra cinco vezes seguidas após arremessá-la de um prédio. É o dia que se fexa e a noite que o teme.
Com o mesmo doce do sabor da sua paixão, ou mesmo o calor da sua mão. O mesmo terror de uma doença. A mesma cartada de uma vitória, por mais tola ou simplória.

quarta-feira, julho 11, 2007

Sonhos e pesadelos

Noite passada tive um sonho,
Um sonho um tanto estranho, por sinal,
Lembro-me de ter assustado, e como,
Lembro de várias coisas, apenas não distinguia o bem e o mal.
Lembro-me de passar pela avenida principal,Uma velhinha e seu cachorro, passeando,
Lembro de casais, no parque se beijando,
Enquanto as crianças se encantavam com as luzes de natal.
Passei por uma rua escura, que dava nos fundos de casa,
Estava frio, o tempo era nebuloso, a noite era clara,
Senti uma sensação estranha, do nada, de repente.
Frio na barriga, logo um arrepio na espinha,
Entrei em transe profundo e desmaiei,
E foi a partir daquele momento que abri os olhos para a vida.
Dois garotos, em duas calçadas divergentes,
Parecia que viviam em dois mundos diferentes.
Um de boné, bermuda da moda e tênis de molas,
O outro com um cobertor velho, algumas moedas e uma lata de cola.
Um pouco à frente, na mesma rua,
Uma mulher bem vestida, de salto alto e agasalho.
Na outra calçada, conversando com um homem já grisalho,
Uma garota, em seus quase dezoito, seminua.
Hoje é o que importa: roupas de grife e relógios de marca,
Enquanto ali perto a guerra nunca acaba.
Se não comprar um Audi a sociedade te recrimina.
Ninguém se importa com os bebês que são queimados devido a falsas doutrinas.
Fome, violência, nada disso faz sentido...
Se não tiver um celular ou uma câmera digital para fazer um vídeo.
Quem quer saber de câncer, aids, hiperglicemia ou diabetes,
Quando se pode ter em apenas um chip: músicas, fotos e sistema gps?
“Paz e amor” não existem mais,
Ideologias de vida não existem mais
Modo de vida e segregação:As pessoas agora lutam pelo poder e obsessão.
Essa é a pergunta que não quer calar: “Até quando isso tudo vai durar?”.

segunda-feira, julho 09, 2007

Memórias

Naquela mesma calçada em que eu costumava brigar, após muitos goles de cerveja, me lembrei dela. Sentado no banco da única praça que ficava bem no meio da rua movimentada. Olhei as estrelas, que naquele dia pareciam estar mais alegres. Reverenciei minhas lembranças como num ataque ao passado.Era ela, com teus cabelos lisos que caíam por sobre os ombros e a pele macia que mais parecia um anjo. O doce perfume que me fazia suar frio toda vez que lhe dirigia a palavra. Ela era, quente e sensacional, sua voz me acalmava profundamente e sua presença me completava.Dela nunca mais recebi notícias. A última vez em que a vi foi no aeroporto, quando se despedira partindo para a Australia. Com muitas saudades eu fiquei, e guardei em silêncio os meus desejos que não pude realizar.Na época de nossos 15 anos fui um cara muito retraído. Tinha medo que as pessoas me rejeitassem por ser aquele jovem esguio e cheio de espinhas. Como sempre, ela cercada pelos caras populares da escola, sempre a mais desejada. Éramos amigos, apesar das circunstâncias. Na escola não nos falávamos muito, mas morávamos no mesmo bairro e isso sempre foi uma oportunidade para manter nossos laços. Guardava só comigo aquele bobo desejo, a paixão adolescente que eu nutría por ela era algo novo e puro; bem, nem tão puro assim.
Nas festas que havíam eu costumava ficar em casa lendo algum livro ou ouvindo algo na rádio progressiva. Quando resolvía sair de casa para ir a lanchonete aos sábados por exemplo, ficava lá no fundo onde ninguém pudesse perceber que eu estava ali. Pensava que tudo ía passar rápido e logo eu ganharia muito dinheiro. Com isso podería comprar qualquer mulher que a revista "vendesse". Porém, o tempo foi cruel.Além de linda e minha melhor amiga, ela era uma ótima aluna. Tanto que, no verão do mesmo ano em que eu acabara de completar meus 18 anos, ela recebeu um ótima notícia. Para mim, o fim. Uma bolsa para estudar fora, em uma das melhores faculdades que havia no país. Na tarde daquele dia sai mais cedo que de costume da escola, foi a primeira vez que corri para uma taberna que ficava logo ali, no fim da rua. Posso dizer que afoguei as máguas, e meu primeiro porre foi regado a lágrimas.Na manhã seguinte a notícia, fui a casa dela. Ela me recebeu e ali conversamos a manhã inteira. Aproveitei para almoçar lá mesmo. Como se não bastasse tudo de bom, sua mãe ainda me adorava.Joguei conversa fora e, com elas, minha esperança. Ela partiria já no final de semana.No dia do embarque me atrasei, todos estavam no aeroporto. A turma do futebol, suas belas e ricas amigas, e eu. O único diferente. Olhei de longe e ela veio me dar um último beijo. O mais amargo e frio que pude sentir em toda minha vida. Ela foi embora, levando todo o meu apreço e firmeza.Os anos se passaram, e eu consegui me formar. Não em medicina, mas em veterinária. Era algo regular que me mantinha vivo. Como uma ferida que nunca cicatrizou eu fui vivendo os meus dias.Não sei porque raios estou aqui lembrando dela, de minha paixão adolescente. Logo hoje, onde todos estão a festejar o ano novo. Eu aqui, largado em qualquer canto desta pequena cidade que já se move com ares de metrópole. Lembrando dela, daquele sorriso que nunca se apagava, daquele olhar fixo em mim. Não sei porque diabos... MEU DEUS!!!"
- Acho que agora, conversando com meus pensamentos posso perceber o quanto me desgastei por algo que não me pertencia. Distraído, sofri um acidente que quase custara minha vida, mas levou consigo minhas pernas e toda minha consciência. Vagando neste universo irreal, onde palavras ecoam sons que não se distinguem, eu desejo apenas uma trégua. Ao tempo, que não mais volta, mas que me leve o quanto antes, pois vivi toda minha vida apoiado em esperanças imbecis e agora não me resta mais vida para planejar algo, quanto menos esperar...

terça-feira, junho 26, 2007

Próximos do Céu

Enquanto rezávamos nossa última oração
Rezei pelas cartas finais que trouxessem as rosas de verão
Levado pelo leve toque do teu querer, estava preso entre gritos momentâneos
É difícil crer no que se vai e no que se espera
Apenas minta, se isso foi feito pra mim
Um som de esperança, em cada novo estranho que chora em meus braços
Torno a prostar-me frente a tevê, ela me faz morrer pelas páginas do santo vício
Apenas quero sentir a dor como as palavras que não soube expressar
Sussurando pela janela, acendendo as luzes e o cigarro
Não posso dizer nada com o fogo que queima nas minhas veias, aonde quer que estejam sangrando
Eu perdi a fé em todas as religiões e em todos os teus anjos
Nos dias em que eu preciso de algo em que acreditar, meu coração se tornara uma rocha
Nenhuma reação entre a verdade e um milagre
E eu não espero mais por isso, e não tomo mais as dores de minhas pretenções
Preciso de um Jesus
O que for que me mantenha sólido, esta noite
Uma miserável garrafa de vodka adormece em meus lábios
Quando se é preciso ter fé você perde as rédeas de sua própria conduta
Você sempre observa ao teu redor corações se partindo invalidamente
É frio como uma mente pagã
São sempre as mesmas lágrimas que cantam meu nome nesta fuga
Na tentativa de mentiras se tornarem o único crime
O último "ok"
Está sendo um longo desentendimento entre o ódio e a permissão
Ele é apenas um pequeno homem com uma família pra levar nas costas (e espera viver nas ruas)
Seus planos são suas convicções inférteis, mas o mundo vai abrir uma brecha
Que diabos está acontecendo?
Disseram-lhe em todos os portos: diga-me o que queres e terás o que deseja
Teve sua vida transformada numa reviravolta lá do outro lado, quando sentiu a dor da necessidade
Teus milagres estavam na mochila, e você viu os malditos surrarem o teu clamor
Apenas o que você precisa, é tudo o que você tem
Nesta maldição problemática os sinos soaram a teu favor
Ela veio como um aprendizado engraçado, com palavras doces e jogos de azar
Todas as noites você cantava uma nova canção
Você chegou a ficar louco, depois você rolou pelos mares da idiotice
Como um teste mau feito, como uma legenda cega
E ela revelou os sorrisos de uma fugitiva - certas coisas nunca mudam
Como um bandido que pecou erroneamente
Algo mau vindo de articulações fajutas
Dane-se
Os caminhos seguiram a lucratividade das reações
Da beleza à insanidade em memórias românticas
É melhor deixar rolar na perda do que prometer a sorte à corações suicidas

segunda-feira, junho 25, 2007

A Arte da Guerra

"Éramos cem mil. Dia sangrento, areia e carne desfilavam nos céus.
Sob o comando de nosso rei batalhávamos incansavelmente. Como unha e carne seguimos unidos. Guerreiros que asteavam a bandeira da honra e da coragem. Mártires respirando vingança sobre os cavalos. Além do horizonte estendiam-se
as faixas inimigas. Aproximadamente o triplo de nossos exércitos. Naquele dia senti realmente um entusiasmo fora do comum. Todos já haviam lutado durante três dias. Noites terríveis enfrentamos juntos. Passamos frio e fome para chegar até aqui. O topo de nossa esperança.
Aproximava-se o temeroso exército de bestas do inferno, que jorravam litros de terror de suas bocas assassinas. Distantes de nós, já escutávamos teus grunhidos insudecedores. Pareciam pedir arrego, ao mesmo tempo em que nos desafiavam para o duelo mortal. Sanguináreos vinham sobre o lombo de porcos que mais pareciam elefantes.
Os homens do senhor de Deus estavam prontos para a batalha final. O exército se alinhou. Como num jogo de xadrez cada fronta tomou o teu lugar. O jovem Rei também lutava conosco. Teus fiéis homens nos encorajavam, com votos de irmandade. Via nos teus olhos a força ofuscando o medo - a necessidade de custear a esperança através da espada. Era o que precisávamos naquele momento de temor e tensão.
Já havíamos derrotado a primeira fronta. Milhares de bestas enfurecidas com tuas armas, tanto quanto rudimentares, sem nem um pingo de medo ou compaixão. Alimentados pelo sangue frio de seu diabólico líder. E agora estávamos diante de nosso mais poderoso inimigo. Que se aproximara mais um pouco.
Já eram tomados os postos, os arqueiros puseram-se em posição de ataque. Esperaríamos até o último momento para atacar com força total. Conhecíamos nosso território, sabíamos exatamente o que era necessário para o menor número de baixas. Então, eis que as flechas puseram-se a lançar-se pelo ar. Leveza e fúria.
Se observara as primeiras baixas, que não representavam nada perante o numeroso contigente de monstros armados. Segunda leva e segunda caída. Terceira e quarta seguiram-se.
Vieram de encontro, como um choque de bestas senti todo o peso de suas fúrias. Estava na terceira fileira e tomado de plena virilidade peguei minha espada e só olhei para o distante. Bravo guerreiro sustentei corpos caíndo em mim, não me abati. Litros de sangue jorravam na minha cara, pedaços de orelha e víceras acumulavam-se nos meus braços.
Seguimos em frente, confrontando o comando infernal. Escalava uma montanha de corpos, antes mesmo de dar o primeiro metro. Foi quando as trombetas dos portões tocaram. O inferno se espandiu perante os homens. Um calor que derretia, parcialmente, nossas armaduras.
O choque entre guerreiros foi tomando forma, quando percebíamos que chegávamos mais perto de nosso destino. Dali em diante já não havia consciência, era tudo automático. Heróis em seu curso.
Quando dei por mim, já não havíam mais reservas lá no final da montanha. O que viría pra nós era o que esperávamos a tanto tempo. Pouco a pouco, um a um, tudo terminou. No lugar da água, sangue, no lugar da brisa, odor, no lugar dos campos, pedra. É incrível como havíam cabeças naquele lugar. Você ainda podia ver as mãos se moverem.
Nosso rei seguiu agora a frente de nós. Contrastando com o por do sol víamos nosso líder lá na frente. Tomamos a cidade, e tudo que nela havia. Peças de ouro, esculturas antigas, escrituras de um povo bárbaro talhadas a sangue negro. Sentíamos que o êxtase passeava entre nossas almas. E naquela tranquila noite, festejamos como reis de nós mesmos. Carne fresca e suculenta, cerveja e belas damas. Tínhamos o estoque de escravas necessárias ali para assaciar a perversidade de cada um. O padre nos abençoou aquele dia. Regidos pela força divina através do rei, nos tornamos os mais bravos homens daquela região."

quinta-feira, junho 21, 2007

Imaginando

Seriamente passo a respeitar todos os demais que por mim passam
E também pensam por si, são outros mil que o fazem com extremo apego
O lance de relance contínuo, daquele olhar que se prende na vasta ociosidade instigante
Necessariamente é o fluir do espírito jovem no teu curso aflorado
E de idéias tantas que se fazem necessárias regras de imposições sarcasticamente obrigatórias
Regência afluente e transparente aos olhos da realidade cruel que nos torna dignos de cada um,
Miserável como é
Sim, se torna múltiplo de si mesmo quando tocam as trombetas do novo rei
Aquele que governa o horizonte e o destino do sol
O trajeto da lua e o brilho do luar
Não há mais outras razões e não há a principal para que me sirvam um prato de idealismo
Revolucionário de nada sonhando com flores no metal sombrio
Canções de exílio que nada mais exaltam, senão elogiando a própria desgraça na qual és entregue
E quando lançado a vida se toma de pobreza por todos os lados, abastecido por canos que jorram ignorância
Rios de ignorância
Fatos que comprovam ainda mais instabilidades racionais perante um exército que luta pelo desejo de ser fiel a um líder
Governâncias tradicionais e de belo posto que cercam-se de políticas humanitárias simplismente pelo zelo de sua carapulça
Serão necessárias gerações sadias que possam retomar a antiga bandeira rebelde do anarquismo desordenado que não chegam a realizar, ao menos
Todas as estruturas possíveis de organização é um circo de bizarrices
Toda organização já é a própria sodoma e gomorra, com teus antros sexuais regados a cachaça
Entorpecendo-se pelas próprias babaquices que dizem sobre minha opção sexual ou sobre a minha religião
A bendita bezerra que hoje já está revirando-se no caixão; e o the best seller A MORTE DA BEZERRA, amplamente difundido entre todos pelo mesmo preço da "conscientização moral"
Significações que talvez possam não valer nada, tão somente rindo-se de nós mesmos chegamos a este mesmo não-agir
Pequenas rosas de poesia também são idiotas
Não te vales nem uma pena
Do pássaro que voava pelo céu, o próprio deus de tua beleza
Caído no chão da praça, do cruzamente da avenida, da metrópole em pleno funcionamento
Alimentada pelo certo incapacitado e irreversível
Na contra mão de toda cópula intercaladamente financeira, vou eu no meu jatinho de madeira
Feito por anões mágicos da Terra dos Sonhos e da Esperança,
Lá onde eu fumo maconha para voar solto
É o mesmo homem no outro lado do mundo, que cheira incenso e chega ao transe do teu "eu" espiritual e que o elimina quando este alcança o paraíso
E o mesmo que se mata insandecido pelo desejo infértil de trepar com toneladas de virgens lá perto de seu deus barbudo e ansião
Cá estou, no meu barquinho de papel, navegando pelo universo paralelo da inquietez
Passeando pelas letras
Engaiolado nos pensamentos...
Infinitos - "Inabstratível"

A Retórica Detentora

Sentem-se à mesa cavalheiros, apresentarei agora o saldo trimestral de nossas vendas.
Senhor, por favor, queira permitir uma pré colocação.
É conhecida por todos a tendência inflacionária de nossa economia.
Lucros não nos garantem nada, aplicações se tornam cada dia mais necessárias. O amplo conhecimento em setores de crescimento econômico torna-se uma necessidade emergente no plano atual. Quero-lhes apenas destacar um seguinte ocorrido, caros amigos. Na tarde de segunda-feira, dia 12 deste mesmo mês de abril, nossos contadores apresentaram à diretoria um desnivelamento obtuso e exponencial, referente ao acréscimo de quantias oriundas de movimentações suspeitas e desconhecidas pelo referido e aqui presente, presidente Edgar Piazza de Castro. Ressaltando claramente à vossos que se atentam à mim neste momento, quero-lhes ainda deixar, além dos fatos apresentados, uma possível evidência e, posterior prova de que, a quebra de sigilo fiscal e bancário, avaliação de extratos financeiros e levantamento de gastos efetivos nos últimos três meses do senhor Delpúdio Costa, confirmam por excelência que todas as suspeitas recaem por sobre as costas do mesmo.
Algo em sua defesa, caro companheiro?
Vejam bem senhores, uma empresa como a nossa - com tamanha influência no cenário nacional e até internacional, com meio século de existência e de relativa corporação jovem e atualizada, em pleno processo de competição a nível global - exige parâmetros de defesa que, talvez, não se enquadrem apenas em efetivas aplicações legais. É visto que os exércitos mais gloriosos de nossa história se empenharam de tal maneira a não só absorver aquilo de que todos os outros pudessem da mesma forma usufruir, mas também utilizar de todos os meios atingíveis e inalcancáveis para que, dotado de extrema sordidez mascarada pela obscuridade da doce humildade, aflorascem na montanha mais singular que houvesse por sobre as estrelas. Deixo firmado aqui, meu compromisso de fé e honra para com esta empresa, porém, assumo que dia desses prostrado por sob minhas próprias asas abaladas de fraqueza cometi um erro fadonho, financeiramente falando.
Entendemos tal situação. Sabemos que tais condutas não se adequam ao quadro político da empresa; que visa o bem estar social, lucrando apartir do desenvolvimento sustentável e, deixando bem claro a qualquer cidadão interessado, as forças contratuais que regem a ética trabalhista de nossa corporação. Contudo, ao meu ver, você - um dos mais antigos funcionários da empresa - não é a única cabra ferida deste rebanho engravatado. Certamente outras virão e a necessidade de uma punição exemplar torna-se quase que, como uma obrigação encarregada sobre minhas costas. Mas, sob a bandeira da fidelidade e do perdão cristão, quero que saiba que desta estás livre. Mas que também não sejes uma carta-branca a vagabundez itinerante neste local santo de trabalho. Valorizo, acima de tudo, a importância de cada um, e o julgamento de cada conforme a tua importância. Discursos de igualdade perante a lei não se valem quando as necessidades são postas em jogo.
Corporativismo mais descarado que este só se vê no Senado, meus amigos. Retiro-me desta reunião com a idéia de missão cumprida - os fatos apresentados. Entretanto, não me vejo sentado na mesma cadeira junto de uma corja de assalariados mesquinhos que se dizem os reis do mundo por suas leis internas que adequam-se a cada bandeira de sangue. Isso não é família, está mais para uma quadrilha armada por discursos infalíveis e de pronta persuasão.

segunda-feira, junho 18, 2007

Com amor

Minta para seus inimigos, seja fiel aos seus amigos, e manipule todo o resto.
Foda de um jeito tão fodido que o Alexandre Frota entre em depressão.
Não é algo pra se fazer num futuro próxmo: Vá agora comer a mulher do seu vizinho.
Não use camisinha. Goze tudo que tiver em você e depois de alguns meses, mude de casa e coma a vizinha da casa nova.
O que você sonha? Uma família, dinheiro? Babaquice. Sonhe com bucetas. Não buceta. BucetaS. Várias. É natural. Seja o vizinho, ou seja o Ricardão. Á princípio, não há diferença. A única diferença que se revela com o tempo é que o Ricardão não tem a ilusão de não ser enganado. E por isso mesmo, não é atingido.
Troque seu tempo por dinheiro, e seu dinheiro por tempo, até que um dos dois acabe. Case, e troque sua liberdade por um cafuné e uma dor de cabeça. Curar da dor de cabeça significa abrir mão do cafuné, algo que você é muito fraco pra suportar.
Todo mundo percebe que existe algo de errado. Não dá pra saber o que, só dá pra saber que alguma coisa está muito, muito errada. Não com você, nem com ninguém. Tudo está certo quando está errado. É a natureza das coisas. Não é preciso ser idiota para alguém ti trair. Você só foi lento demais.Nada com que se preucupar. Pegue todo seu ódio, toda sua descepção e transforme na mais pura energia sadística. É aí que se propõe o escambo ao diabo. É a natureza das coisas. Você é aquele tipo de pessoa que a natureza cria pra compensar a falta de um predador natural ao homem, mas esperto demais pra matar. Eu, você, nós não matamos. Nós fodemos. Fodemos, todo e qualquer buraco na superfície do corpo humano, fodemos as pessoas para saciar a vontade primitiva de fazer mal a alguém, um mal que destrua a pessoa, para ti engrandecer. Faça como a faca: foda. Não só bucetas. Foda almas. Foda uma pessoa até não restar um pingo de coragem, amor-próprio ou respeito. Faça com que haja a nescessidade de uma plástica para reconstruir tudo que você toca. E depois queime tudo.

O possível finito virtual

Quando olho pra mim mesmo, como não sendo apenas um reflexo
E me vejo caminhando nessa estrada do nada complexo que é a vida
Imagino, por que estamos nessa corrida?
Tudo é disputa, tudo é luta,desde um esperma lutando pela consciência
Até um mendigo homem que luta pela sobrevivência
E se houver vencedor, ou mesmo se não houver, sempre haverá os demais perdedores.
A placa na minha estrada indica " Liberdade absoluta"
Então percebo que estou quase só,nesta luta

Antes só, do que mal acompanhado.
De que adianta companhia se eles me levarem no caminho errado?
Quando eu chegar ao encontro da minha essência
Sei que nada fará sentido nessa minha atual existência
Mas durante essa jornada haverá fortes barreiras do suposto mundo "real"
E até lá precisarei ser objetivo e usar com sabedoria, as forças do bem a até mesmo do "mal" natural.
Felizmente estou muito bem armado
Minha fome por verdade é tão grande, que maior do que o "Eu", nem mesmo a infinidade.

Venha amigo,saia daí, venha comigo nessa viagem pela consciência e descubra
o que é ser, descubra o que nem mesmo está coberto e o que nem ao menos existe.
Venha comigo, você irá ver como a "vida" no mundo é pequena e triste.
Venha e seja,veja,veja e seja o que você deseja ser
Livre de ordens, "ismos", crenças e mandamentos "sagrados"
Não há mais nada pra crer, agora você é livre e pode saber.
Saiba! Basta você querer
Agora você tem esse poder

Esqueça seus antigos valores podres, suas dores ,seus temores e crie o seu espaço universal divino
Coberto de ouro, luz ou flores.
São apenas possibilidades, nada são verdadeiramente, no seu universo de infinidades
Cresça sempre, alimente sua mente
Possibilite o impossível e logo transformaremos a vida comum em algo belo, mais do que banal existência.
Explore seu potencial!
E bem vindo ao infinito impossível Real!


Pós - Humano

Eu, simplório ser mortal...
Imóvel e quieto...
Habitante deste nojento terrestre solo,
Colocado como mais um produtivo inseto...
Escravo do banal
Eu me mantenho, mas não me consolo.

Por enquanto sou apenas um réu
Nessa condenação postiça
Sou mais uma das milhares flores do pomar
Submetido à mais injusta justiça
Sou a lua no céu
Sou o espaço do universo
Sou a agua no mar
Sou o doce do mel
O oposto do inverso
Sou o tempo
A vida
O vento
Um tormento...

E ainda assim não sou nada...

Logo após nascer..
Eu queria crescer
Queria ter
Queria ser
Tentar viver
Queria amar
Queria chegar em algum lugar

Eu queria nada...
Eu lutava... lutava com ninguém
E me tornava cada vez mais, um refém
Da obrigação
Da prisão, do compromisso
Só queria isso
Um viver postiço...

Não consegui nada do que eu quis
E por isso, ah...Como eu sou feliz

Um desejo tão indesejado
Falso
Invejado
Não poderia ser realizado

Eu vi além
Vi mais...Fui mais...
Mais do que um humano Zé ninguém..

Desde sempre eu sabia que era capaz...
De fazer o que ninguém mais faz
Eu quis ser mais, mais do que um simplório rapaz


Quis voar
Quis ver
Quis ir
Quis sair e acordar
Superar o limite...
O limite da mente...Do cosmo
Mais do que ser...Ter ou estar

Joguei fora tudo aquilo
Que me fez sofrer
Que fez de mim um escravo do terOu um escravo do simples ser...viver
Agora não tenho mais medo
Já sei o segredo

Tenho a verdade
Agora vôo tranqüilo
Rumo a absoluta liberdade.


sábado, junho 16, 2007

Fluoxetina

Doses incessantes de antidepressivos consomem minha insanidade, neste exato momento. Antidepressivos que inibem a recaptação da serotonina; remédio pra controlar a minha mania de fazer mil vezes a mesma coisa (transtorno obsessivo compulsivo - TOC). Há duas semanas eu tô nessa, resolveram que eu tenho um sério desvio de conduta perante aos demais. As manias se tornaram hábitos muito mais que rotineiros - obrigações completamente sem sentido. Diga-se de passagem: não sou nenhum louco, como andam espalhando por aí. Me sinto como um ratinho de laboratório, que tem a vida controlada, senão agora por remédios, antes pelos hábitos estranhos. Recomendaram acompanhamento pessoal; estão dizendo por aí que eu tenho sérias tendências para me tornar um suicida. Sinceramente, não me vejo assim. Eu sempre fui o tipo de cara que viveu entre os extremos - hora me preocupava demasiadamente com minha aparência e o que os outros poderíam pensar de mim, hora me deixava levar pelas coisas da vida sem dar a mínima. Na verdade é uma questão patológica. Sempre me deixei levar pelas coisas determinadas, como se isso representasse a verdade maior que traría a minha felicidade. Ainda vou muito mais por achismos do que por uma filosofia própria de vida, talvez essa seja minha filosofia. Resolvi morar sozinho, depois que consegui meu primeiro emprego numa firma, aonde trabalhava de assistente do assistente que, organizava os documentos por ordem de data, alfabeto, etc. Tudo muito simples. Na verdade era mais uma experiência - abandonar a casa de minha mãe era um dos meus planos para alcançar minha tão sonhada liberdade. O salário bancava bem as bebidas, para elas eu era o mão de ouro. As contas eu ainda deixava na responsabilidade de meu pai. Estava certo que, em pouco tempo, me formaria na faculdade de direito e o exerceria com tamanha aplicação que, possivelmente bancaria meu próprio carro. Eu vivi enclausurado por estes tempos que passei aqui sozinho. A minha rotina se dividia em ir para a faculdade pela manhã, trabalhar pela tarde e, nada mais pela noite. Vez ou outra dava uma de CDF, com o enorme potencial que possuía. O rádio estava sempre com uma velha fita de slow blues, que tocava todos os dias, com a mesma tristeza e sensualidade de uma roupa intima dos anos 50. A rotina me cercou, me abraçou e disse: seja minha companheira. Eu sorri e fui com ela. Para ser sincero, sempre fui um preguiçoso de mão cheia - vagabundo de dar inveja. A situação foi tomando forma, todos os dias fazendo as mesmas repetições. No começo achava legal, alimentava no meu subconsciente a idéia de estar sendo organizado. Vocês tinham que ver o buraco em que eu morava. Um arranha céus de dar inveja a Torre de Babel. Eu morava bem alto, bem perto dos céus e de alguma força desconhecida. Gastava meu tempo andando pela casa. Chegou à um ponto em que eu já estava tão automático, que nem conseguia me concentrar. Não tinha cérebro, não tinha coração, não tinha a visão. Eu possuía muito mais que isso. Eu era todo um sistema que operava em favor da minha completa saciedade. Era como uma droga potente, cada vez que me pegava e eu utilizava mais. Os vizinhos me chamavam de exótico. Diversas foram as vezes que a polícia veio aqui dar uma revistada. Quebravam tudo. Tudo em minha casa tinha a ver com super-herói. Adorava o Lanterna Verde. Me sentia mesmo como um super-herói, que vivia isolado em sua mutação. Mamãe não recebeu mais notícias. Ativaram meu corpo a trabalhar como um zumbi. Perdi o semestre na faculdade por nem mais sair de casa. A situação se agravava. Mamãe resolveu então se preocupar. Como se não bastasse, nos 20 anos de minha vida ela nunca deu a mínima, fiz meu próprio caminho e estou aqui vivo. Agora ela quer ser A MÃE. Desculpe-me, mas laços afetivos nunca foram o meu forte. Até porque valorizava muito pouco o que meus pais haviam se tornado na vida - mamãe uma sanguessuga de papai, o workaholic diabólico. Mamãe sempre na cozinha, sempre resolvendo os problemas de papai. Papai sempre no escritório, só voltava para dar boa noite. Talvez seja por isso que eu valorize tanto por ela. Hoje é uma noite linda aqui do alto. Eu posso ver como as coisas se encaminharam. Um processo de causa e efeito, do mais puro, como manda o script. Depois de minha completa auto-insanidade de imobilidade compulsiva - repetitiva e humanófoba, mamãe resolveu que era hora de interver. Papai também concordou. Eu apenas aceitei. Me sentia tão imcompleto naquele momento, que nada mais me alegrava. Nem a lua - ela está linda hoje. Me levaram numa psiquiatra qualquer; atendia num consultório filho da puta, em cima de uma tapeçaria. Ela tinha mais peitos do que algum diploma. Gostosa o bastante para ganhar o meu empenho. Eu ainda pensava com a cabeça do pinto! Passei por uma série de exames estranhos, conversas idiotas. Nada disso fazia sentido para mim. Qualquer problema que eu tivesse, estaría muito profundo para que uma aspirante a puta o encontra-se. Fui então me tratar com outro médico. Era sujeito respeitável, denovo me ganhou pela aparência. Era a única coisa que eu valorizava numa pessoa. Então começamos. Nova bateria de estudos sobre minha pessoa. Resultado: dependente de hábitos compulsivos, sujeito à ações irresponsáveis, insanidade circunstancial, suicida em potencial. Uma bomba-relógio; eu tava fudido! Mas aí tomei gosto. Aquele bendito remédio me dava umas crises de otimismo irrealista. Era uma fé por dia. Até hoje vivo nessa merda. Estudando. Tomando remédio controlado. Torcendo para não matar ninguém. E o TOC tem melhorado muito, de umas semanas pra cá. Mas o que me acalenta, neste exato momento, é a beleza da lua...

segunda-feira, junho 11, 2007

Incesto

De frente ao banheiro, encontro-te nua, em posição estratégica, pedindo fervorosamente que atravesse tuas curvas numa cópula animalesca. A leveza do toque da gillette em tuas pernas me deixa completamente sem direção, perco a cabeça e cada porcentagem de sanidade é retirada com seu toque suave. O teu corpo pega fogo, numa maré de libido que me pega de relance, e me beija com tesão. Eu corro para o quarto tentando evitar que o pecado se cumpra. Ataco meu corpo com punhetas de um animal encarçerado, prestes a explodir de loucura. Finalmente, depois da chama milagrosa sair em mL's de ternura, lhe vejo colocar a toalha e se preparar para o banho. Apenas mais um condenado psicologicamente, que não sabe a hora certa de parar com esta loucura dos infernos. Meu corpo pede descanso, mas teus longos cabelos negros que recaem por sobre o cóx me instigam a invadir o teu terreno. Fujo de mim mesmo, a possibilidade de tamanha atrocidade contra tua inocência intocada não me levaría junto aos deuses do céu. Passeando pelo campo das negações providas de desejo eterno, sei que já me tornara um condenado a partir do instante em que me toquei pensando em ti. Sangue do meu sangue. Produto do meu clímax. Filha minha. O que se torna certo, neste momento ? Negar as razões e conceder carta branca aos meus desejos mais instintivos, ou simplismente abonimar-me como um louco e fujir deste lugar temoroso ? Dúvidas ressaltam sobre mim. Ereto e suado de tesão. E agora você se despe frente ao espelho. Quinze anos após você se torna uma bela mulher. De pelugem natural e de doce aroma de flores virgens. Intocada pelo pólen venenoso das donzelas do inferno. E agora me vejo por de trás da porta; minha princesinha eterna, eu choro pelo que faço. Venerando ainda tuas ações, lhe vejo tocar-se como se houvesse algo novo com o qual se socializava naquele momento. Foi então que a vi insandecida de perversidade, rapidamente agradar-se com teus dedos pequenos e envoltos de pelugem nova. Uma surpresa, mas um agrado. Sou o pior dos canalhas. E demorando a eternidade para satisfazer-te, resolvi abrir mão de todas as leis que regem este mundo são. Entrei. Com pouca surpresa ela olhou em meus olhos e me convidou ao pecado juvenil. Não me era esperada tal reação. Em minha completa auto-destruição isso não constava nos planos. Porém, doce alternativa me veio então. Começamos, pai e filha, dois animais no mundo da insanidade sexual. Eu, com toda minha experiência a tocava com real sutileza de desejos. Ela gemia vigorosamente, como uma cadela que tinha muito o que ensinar. Esquecemos de todas as verdades que habitavam nosso imaginário ético, naquele momento. Éramos um único ser. A união mais fantástica. Chegando-se ao ápice do incorreto, nos lançamos na água quente da banheira de marfim. Como aquela doce criança de dez anos atrás, relançou-se sobre meus peitos que batiam rapidamente. Levantei-me na hora seguinte, desejoso de pena. Engatilhei o revólver com a única bala que havia em cima da mesa. Alcançei meu momento de maior loucura. Tiro à queima roupa. Filha minha, morta agora. Minha auto-destruição se tornara completa naquele dia. Pelo resto da vida lembranças me foram vendidas pelo preço do tormento, e o que pensava ser a libertação completa, se tornara desde ali o meu pior lamento. Não demorou muito para que, agora, prostrado sob um banco sujo de um sanatório, escrevesse esta carta de despedida. Um beijo para a vida, e um olá para minha redenção.

sábado, junho 09, 2007

O desabafo

"A Terra Mágica está em caos. Sujeitos estranhos vieram e começaram a destruir tudo. O fogo tomou conta da região das ervas santas. A morte de diversos deuses enraizados aterrorizou à todos os habitantes da abençoada terra. Não foi possível uma negociação.
A sala das palhetas mágicas fora roubada. As doces fadas sofreram abuso sexual. As bruxas foram queimadas. Os goblins e orcs foram levados em jaulas. Os duendes tocadores de ocarina foram aprisionados em cubos de madeira. Nem os anões e unicórnios escaparam.
A região toda foi saqueada. Os condimentos todos foram roubados. O couro fora levado embora. A perfumaria também se foi.
O livro dos ensinamentos repassados através de mil gerações não estava mais por lá.
Era evidente a desilusão de nosso povo. Cada um fora tratado como escravo de meio metro e proporcional valor.
Nós, seres de tamanha destreza não os condenamos porém - no limear de nossa pureza. A arrogância anda ao lado dos que não sabem nada.
É sábio perdoar, tantos outros fatores os condicionam a fazer mil idiotices pelo preço de sua consciência. Nós, os seres da Terra dos Sonhos e da Magia temos medo de tamanha contradição. Vivemos isolados porque não compreendemos a dimensão da insanidade alheia. E o será assim, sempre."


sexta-feira, junho 08, 2007

Qual o preço do teu sorriso ?

Uma melodia é tudo o que preciso, um vôo por sobre linhas memoráveis. E se você não sabe como fazê-lo - e se você não sabe - apenas saiba que você será a minha eternidade, será apenas a melodia que preciso. Quando o sol chama os ventos de setembro, é uma longa data para tomar seu tempo (procurando por um pote de ouro). Indo e vindo, imaginando figuras, ouvindo vozes - reações de um cara forte que sabe aonde ir. O único acerto é decidir por qual estrada dirigir; e a noite inteira, tocando teus sentimentos fora daqui. Como se fosse preciso não mais que uma vida inteira para lhe abrir as portas, para que não se torne refém de si mesmo. É uma boa época para darmos uma festa, se você conseguir. Todos refletem brilhos de uma estrela; eles estão vindo nos abençoar, com um beijo. E você sabe que está certa quando joga as cartas por baixo e lança um cigarro - é um serviço público que presta aos irmãos, sacudindo suas almas. E todos nos acompanham, nós vamos de dentro pra fora. Como na noite passada, onde apenas uma reviravolta nos fez dançar rua acima, e eu pude realizar meus crimes em paz. Sem quebrar os novos sóis, só não quería parecer louco. Em um novo dia, eu gosto quando isso acontece - eu poderia ter chorado ou tentado resistir. Só não quero parecer um louco que precisa de algum tipo de ajuda. Vá em frente, bons sentimentos me tocarão também. Por onde quer que você siga, diga que me salvará por todos os dias. Na lua fria, no banco de trás. Uma brisa me trará a você, em dias pesados de céu azul e noites escuras, bem pertinho, ao seu lado. Notícias novas lhe farão como um breve estranho. Tentando acreditar - está tudo bem. Eles também se feriram estes dias. Está tudo certo, é difícil estar próximo. Mais difícil ainda é estar apenas por perto. Não faz sentido não entender, você não pode fazer tudo sozinho, não pode ser forte para apenas ir embora. Procurando respostas - algo em acreditar, chutando todas as portas - estando solitário. Esta é a última vez que precisa sentir falta.