domingo, setembro 30, 2007

Pelo Meu Direito de Ser o Idiota

Como você esperava que eu agisse? Eu estava com raiva. Com você não entende, você é burra? Não é paranóia, é muito fácil perceber que algo está errado. Não existe pessoas tão certa como você diz ser, existe sim pessoas igualmente mentirosas. Meu Deus, quanta arrogância, desde quando você começou a pensar que consegue me enganar? E pensar que eu comprei uma rosa, que fiquei pensando no que você pensaria, se acharia engraçado como eu estava achando. Bem, que se foda. Não quero ser piegas. Você não me tratou mal, embora todos digam que você sabe fazer melhor. Você foi só mais um desperdício de tempo rotineiro, nada que seja digno de uma segunda reflexão. E por isso te trancarei nesse texto, de onde nunca deverá sair. Talvez assuma um tom de despedida apartir de agora, e ninguém melhor do que eu para garantir que esse tom será apropriado.
Não é exagero dizer que ultimamente, minha ração de alívio tenha sido entregue diariamente e pessoalmente por você. Se fui um pouco insistente quando não deveria sê-lo de forma alguma, peço desculpas. Mas preciso defender o meu direito de ser o idiota, de observar sua falta de maturidade e tato para apenas tampar minha boca até minha mão ficar cheia de bosta. Talvez tivesse sido uma boa escolha pelo menos tentar disfarçar as camisinhas na sua bolsa, que não eram destinadas para mim, mas para alguém que eu não conhecia, e nem você, fato que comprovei no dia em que violei meu direito. Porquê? Quando só eu me importava. Melhor dizendo, quando só eu me importava sem desejar uma daquelas camisinhas. Nós dois sabemos que eu as receberia no momento que pedisse. Mas não. Nunca pedi. Você não vale o preço da minha alma, embora confesso que cheguei a pensar que sim. Me enche de pena e tristeza quando percebo que você nem ao menos sabe o que faz com seu próprio corpo. Apenas uma menina entediada, que precisa se provar sensual, mesmo que isso signifique dividir a cama com o menos merecedor. Você nunca vai acreditar em mim: definitivamente você não precisa provar nada.
"Não me pergunte isso. O corpo é seu, você faz que bem entender. Apenas assuma as consequências. Mas se isso significar me perder, acredite, você se arrependerá e amaldiçoará o dia em que nasceu, todos os dias, e falo isso porque ti conheço mais do que você mesmo". Resolvi que antes de voltar para dentro, iria lhe perguntar três vezes. Uma mentira, e meu respeito por você seria dilacerado. Duas mentiras e nos tornaríamos perfeitos estranhos, para sempre. Três mentiras, eu lhe condenaria ao pó, tracada para sempre em uma última recordação, uma última carta, uma análise fria e desapaixonada de toda a nossa experiência juntos, que já pareceria separada por mil anos a essa altura. "Tudo o que ele diz é verdade? Claro que não, olha pra minha cara. Responda: Tudo o que ele diz é verdade? Claro que não, você não confia mais em mim? Eu vou ti dar mais uma chance, e se você estivesse ciente da sua posição, iria agarrá-la sem pensar; tudo o que ele diz é verdade? Não, eu juro por Deus.". Você cavou a cova. Eu era apenas o padre rezando pela alma perdida. Eu lhe disse coisas terríveis, mais terríveis ainda por sua verossimilhança. A única coisa que não foi terrível foi meu tom de voz; minha conciência achou melhor tomar um ar antes de voltar pra cabeça. No mesmo dia, o primeiro pivete que colocou sua cabeça no ombro te levou ao banheiro mais sujo e próximo, sem nem saber o que tinha nas mãos. Não, minha punição não havia sido pesada demais, como temia. Pelo menos não naquela hora.
Mas de qualquer forma, por favor, não tome como irônia: Obrigado. A perpetuação do meu direito de ser um idiota. Pelo menos, minha moralidade já se tornou mais forte que minha vontade, tudo por causa do medo de encontrar outro de sua colônia. Por todas as vezes que fui feito de idiota, agora retribuo o favor.

quarta-feira, setembro 19, 2007

Amor Fétido Real

Eu te amo,
Não consigo te esquecer,
Você é como uma amiga
Que eu posso fuder.

Sem preconceito,
Sabe, amizade colorida,
Você passa a mão nas minhas pernas.
E eu na sua barriga.

Assim, amor animal,
Homem em cima,
Mulher em baixo,
Macho com fêmea,
E fêmea com macho.


Nosso amor é uma máquina,
Sempre movida à pilha,
Mas eu sei que você gosta
Quando cheira minha virilha.

Minha virilha fede a sebo,
E a sua a azeitona,
Mas o sebo vem do bezerro
E a azeitona do pequizeiro.

Eu sinto sua língua quente passando por minha bunda,
Ela circunda meu buraquinho,
Mas desvia e faz a curva
Sorte a minha, ia virando um mocinho!

Vou meter como se não houvesse amanhã,
Pode ser um chapéu, ou quem sabe até um tênis,
Pode ser uma empada ou um croassant
Meter enquanto tiver pênis.

Entre o dia e a noite,
Só existe o pôr do sol,
Entre minha língua e seu açoite,
Só existem umas latinhas de Skol!

E nesse friozinho,
A cerveja gelada passa no seu corpo todinho,
Ah, como é docinho:
Eu bebo a gelada e lambo o quentinho.

Queria que você fosse mais bonitinha,
Que não parecesse o meu saco:
Tem peito de empadinha
E rabo de macaco!

Paulão e o Pombo Bobo

Tudo começou numa tarde de outono. Eu perguntei se o papagaio morreu ou se estava só com sono.
A dona respondeu que não dá pra saber, parece que morreu, ou tem preguiça de viver.
A sua vida parecia com a minha; era sem graça e sem ação, ele só dormia, dormia, dormia - preguiçoso e beberrão.
Sem saber o que fazer, procurei um veterinário, sem a mínima vontade de gastar nem um único centavo.
Ele me deu uma bronca, chamou-me de descuidado - o papagaio não queria viver porque era pombo viado.
Estava longe do seu amor, que vôou para bem longe e, sem o Ricardão, o pombinho virou monge.
O pai o havia expulsado de casa e a mãe o deserdado. Então, ele ficou desesperado.
Mas, encontrou Paulão - que lhe deu apoio e compreensão.
Sentiu-se como uma galinha; aquele pombo bobo... era sempre com a boca no pinto e sentado no ovo.
Cansou de ser a mulher da relação, pegou meia dúzia de ovo e tacou nas costas de Paulão.
Matou os doze filhos, usando sua asa para isso. Mas Paulão não queria ser o passivo, então pegou as malas e nunca mais deu aviso...
O pombo era bobo e brigão, mas nas terças e quartas queria era meter o bicão.
E essa relação afetava sempre os dois, até que o pombo bobo pegou o feijão, e paulão pegou o arroz; partiram numa fuga brusca - pombo bobo foi de bicicleta, e o paulão de fusca.
Hoje em dia Paulão está resolvido - casou com uma galinha e tem três paulinhos. Mas o pombo hoje chora quando lembra daquele ninho.