sexta-feira, dezembro 19, 2008

Em defesa da estética

Ela, tão ostentada e tão vítima
Prostituta qualitativa
Amante eterna
Mantém-se sóbrea, às vezes, socialmente receptiva
E tão comum
descaradamente fora de si, narcisista
Prostituta qualitativa
Amante eterna
Ela, tão ostentada e tão vítima
tão quanto são os vícios, os crimes, as culpas
Explorada e deplorável, pela moda, pela ética
Em defesa da estética, em defesa da estética
Prostituta qualitativa
Amante eterna
Ela, tão ostentada e tão vítima
Nem sempre sinônimo de beleza, nem o mesmo que vaidade

quinta-feira, dezembro 18, 2008

À razão da distância

Eles não se foram, mas apenas mudaram sua identidade
Trocaram seus nomes, e agora atendem pelo pseudônimo saudade
Suas faces também mudaram, de alguma forma
Algum novo traço de saudosismo os tornam, então, iguais
Nas nossas lembranças
O sentido que procuramos dar às nossas vidas faz ela ter algum sentido
Novamente, lembro-me sempre de ter sorrido,
Lembro-me sempre de ter cogitado não ser o bastante
E por medo, retornei ao ponto de partida
Mas talvez, quem sabe, deva não haver uma linha de chegada
Linearmente não pensemos mais
Linearmente não vivamos as emoções

segunda-feira, outubro 27, 2008

O que eu quero

Estou indo embora.
Por um longo tempo estarei ausente.
Passarei pelas estradas para encontrar a natureza, chegarei até os monges e por lá ficarei.
Meditarei.
Uma completa mudança - física, espiritual.
Antes disso a levarei comigo.
E lá de cima lançarei suas lembranças aos lobos.
Pronto, a primeira etapa estará concluída.
Abandonarei minha família, serei tão frio.
Vou finalmente compor em paz, em uma pista livre onde a inspiração venha.
Levarei só meu violão.
Encontrarei pelo caminho um fiel amigo vira-latas.
Perderei noites de sono olhando para as estrelas.
Passarei o dia nú, estarei bronzeado de liberdade.
A maior parte do tempo estarei habitando cavernas.
Mas antes disso não posso me esquecer de fazer algumas pessoas sofrerem.
Ponderarei os que mereçem morrer.
Julgarei a morte mais cruel.
E fugirei.
Estarei em contato com espirítos, bons ou maus.
Conhecerei seres de outras galáxias.
Deixarei de acreditar na lei dos homens.
Retornarei no final da vida.
Reencontrarei quem restar de meu passado.
Caminharei por todo o bairro em que fui criado.
Como um vigia.
Como uma alma vagando à esmo.
Não falarei com ninguém.
Até o final de meus dias estarei calado, uma epifania duradoura.
Não mais pensarei sobre o mundo.
Estarei a cima dele, e indiferente.

quarta-feira, outubro 15, 2008

Um novo tempo para amar

O Mundo se agiganta ainda mais,
Repousando sobre nós esta serena paz

O amor florece nos campos do coração,
A humanidade faz história com a nossa geração

Conseguimos ,enfim, evitar o fracasso,
Enfrentamos o ego sem usar a força do braço

Quando o homem fecha seus olhos para os espelhos,
Abre seu coração para o mundo e põe-se de joelhos

Quando a dor do próximo torna-se a própria dor,
Neste dia, paira sobre mundo a harmonia do amor

E neste dia ,então, já não se tem mais diferença,
Somos todos iguais, independente a cor, origem ou crença

Livres de todos os valores fúteis e pecados insolúveis
Fazemos do mundo um outro céu, abaixo das núvens

Façamos do mundo o nosso templo a se cuidar
E façamos do tempo, um tempo eterno para se amar.


Maurício Tovar Junior

terça-feira, outubro 14, 2008

Coração de poeta

Coração de poeta
Cabeça de maluco
A Alma já desperta
Pra não morrer caduco

Poesia é meu dever
Maluquice é a maneira
Se eu optei por escrever
Escreverei a vida inteira

Ainda procuro o meu norte
Vou sem medo
Já que a vida é um segredo
Pra descobrir, conto com a sorte

Até aqui tive sucesso,
Me dei bem e não reclamo
Mas pelo amor que lhe peço
Deixarei pra traz, tudo que amo

Poesia é um sentimento
É o desafabafo ou o relance
É o reflexo de um momento
Ou uma expansão do alcance

Purifica a alma
Vivifica o coração
É a mão que espalma
Qualquer chateação

Escrevo porque sinto
Toda a beleza do universo
E cada sentimento distinto
Acaba virando um verso

A Brilhante luz do “Eu”
Que hoje está tão em falta,
O paraíso que o pai não prometeu
É a emoção que o poeta exalta

Maurício Tovar Júnior

domingo, outubro 05, 2008

Tulipa Amarela


A última flor da primavera ainda respira. Uma flor solitária, com tamanha responsabilidade.
Ela sustenta todo o peso de carregar consigo a beleza da estação.
Logo virá o verão, logo o seu brilho cessará e sua beleza se tornará comum.
Por ser única e bela, se mantém.
Ela revela um injusto contraste, reduzindo em fraqueza a deficiência das pessoas.
Só podemos aceitá-la;
Aceitar que exale seu perfume, que deixe sua cor preencher nossas vidas vazias de significado.
A última flor.
Por que tão distante?
Tão intocável... um deboche perante a fascinação.
Sua presença, lhe deixa sem ação; desfaz os efeitos do tempo e do espaço.
Sua ausência, angustiante; e novamente não sabes como agir.
Mas o verão logo chegará, e trará consigo uma força capaz de desarmá-la.
Esse poder que não tens, que lhe falta, assim como a coragem de tomá-la para si.
Será o motivo da melancolia, do passado em que podia observá-la.
A última flor será então apenas mais uma flor.
Sem magia, sem importância, sem significado.

sábado, setembro 20, 2008

Meu primeiro amor

De novo sonhei com ela
Com seu sorriso estampado no rosto
Como sempre, tão bela
Sonho que sempre me dá gosto

Sentir suas mãos nas minhas
Seus lábios nos meus
Meu primeiro amor, que ainda não tive
É o amor que tanto pedi à Deus
E ele resolveu não me dar

Por que não nos amamos ainda?
Não compreendo
Por que não me livro dessa dor?
Teimosia de querer amar?!
Esse amor tão improvável, ao qual eu me prendo
E preso adoro estar

È aquela mesma garota
Que admiro todos os dias, como antes fazia
Ganhou o meu amor, até a última gota
Que fez da minha vida menos vazia

Pois desejar-te tanto me faz bem
Só ela tem beleza que me toca
E ela me toca como ninguém
Nada de obsessão, ou paixão que sufoca

Só pode ser amor,
Depois de tantos anos sem vê-la
E quando vejo ainda sinto o mesmo calor
E ela brilha, chama a minha atenção, como uma estrela

O meu primeiro amor, o meu primeiro amor.

Maurício Tovar Junior

terça-feira, setembro 02, 2008

A disciplina que nunca aprendi a ter


Isto se reflitirá no futuro, se soubéssemos quão ampla se tornaria a influência de nossas escolhas
Isto, dirá o amor, foram as escolhas quais não soubemos fazer, hora pela imaturidade, hora pela desepero
Vaidade
Decididos, então, retomaríamos o nosso direito pelo qual sempre gritamos mais alto,
Certos estaríamos nós ao receber a dádiva divina que transparece no amor romântico a certeza de amores verdadeiros
Reciprocidade
Traçados junto as pedras do caminho, mas que ainda não se interceptam e apenas paralelos seguem,
Não devemos ser pecadores pelo simples fato de não sermos cristãos
Afeto
Vejamos os outros machos da espécie lançando seu perfume maldito por sobre a sua antiga fêmea
Ela se lambuza perante seus pretendentes sedentos de desejo sexual e nada mais, soberana no reino das imagens
Apenas isso, aparência

quinta-feira, agosto 28, 2008

Freedom Fighter!

Eu olho pela janela e vejo a paisagem da cidade,
Vejo as pessoas correndo, sem direção
Num ato de estupidez e de insanidade,
A mídia se apoderou da nossa geração

As pessoas são colocadas nas ruas para consumir,
Nos fazem comprar um monte de "utencílios inúteis",
Passar a nossa vida medíocre desejando realizar sonhos fúteis
E nos afoga em nossa própria merda assim que paramos de produzir,

O mundo é esse caos constante, e estamos presos, como num presídio
A mídia comanda nossa cabeça, nos faz correr atrás de roupas e carros,
E entramos em contradição com o lógico,
Entramos em depressão,cometemos suicídio
Propaganda induz o sexo, às bebidas e aos cigarros

E de repente nos vemos em um conflito eterno


O nosso espírito ,já fraco, nem se levanta para lutar
Consegue ver, pensa, vê o abusrdo
Mas se deixa aprisionar, se acomoda no sono
Se rende ao fracasso inevitável que é viver por conta do sustento
A sobrevivência, e a mesma nos mantém ocupados demais pra fazer algo útil
É por isso, é por isso que paramos no tempo
Já não temos tempo pra pensar, o que nos resta são poucos minutos do dia
Que logo se desfazem na rotina do amanhã, e depois, e depois

É triste ver que vivemos na merda, e vivemos com esperança
Mas não existe o paraíso, não há céu pra nos acolher
O que nos resta é a rebuscagem, o reencontro com o Eu
É a verdade que mora em nossos corações, no íntimo
Esse é o sentido, essa é a razão, o motivo dessa nova chance
Não adianta batalhar contra o mundo
A guerra que se deve vencer é contra si
Nós somos o campo de batalha ambulante
E eu luto, pacificamente, eu Luto!

Maurício Tovar Junior

segunda-feira, agosto 25, 2008

Quem sou Eu?

Um observador, atento ao mundo
Estava eu aqui, na frente do espelho
Surpreso, silencioso por um segundo
Refletindo sobre o conselho

É duro ter a força pra lutar
O massacre me enfraqueceu,
Mas o sonho que vou buscar
É uma busca pelo próprio Eu

Sei que posso me achar aqui, debaixo do meu nariz
Mas vou buscar bem longe, vou dar meus passos
Porque foi assim que eu quis
Juntar os meus estilhaços
Me fazer de novo

O mundo me quebrou, me dividiu
Mas eu me reencontro um dia, pode crer
Ele ainda não me destruiu
E nem tem esse poder

Quem sou eu? O que eu faço? Qual é a minha meta?
Perguntas que infelizmente não tenho como responder
E então esse questionador adormecido se desperta
E não há lugar no mundo onde eu possa me esconder

Não vou fugir do meu medo,
Nem do compromisso
Vou botar a minha cara frente a frente com o dedo
Que aponta à minha corrente, me fazendo submisso

Submisso ao meu próprio ego, aos meus temores
Mas em verdade afirmo, eu vencerei
Se eu não nasci num templo de flores
Faço a força, a maneira, e um templo de flores eu farei

O que me move, o que realmente me move a ir em frente
É essa insatisfação comigo mesmo, de, enquanto a vida passa,
Saber que nada sou, nada faço, esse estado deprimente
A verdade que eu sei, só eu sei, e não há nada que se faça
Pra impedir que eu caminhe, que eu siga a luz do meu ser
Eu vou dar um significado, um novo conceito à palavra “viver”

Não tente, não há machado ou tesoura que corte a raiz do meu sonho
Não há cadeia ou corrente que impeça a minha busca
Essa luz que me mostra esse lado tão sujo e medonho
Essa luz,essa luz, essa não me ofusca

É tudo muito claro pra mim agora,
Quem sou eu? Quem sou eu?
Vou atraz da resposta, já é hora
Trazer de volta aquela luz, que na confusão da inércia se perdeu


Maurício Tovar Junior

sábado, agosto 23, 2008

Nunca é tarde

Eu te amei, desesperadamente te amei
Esse amor solitário
Que por tantos e tantos anos alimentei
Acabou virando um cenário
Para tantos outros que provei

Se depois de tantos beijos
Tantos carinhos que te vi trocar
Voce ainda faz parte dos meus desejos,
Ainda assim te quero amar

Mas o orgulho me fez deixar
Desviou-me de ti, me fez seguir em frente
E com um brilho a menos no meu olhar
Segui a vida, alegre, e tão quanto descontente


Por traz da alegria, escondo o meu sofrer
Seguro a lágrima, sofro sem fazer alarde
Mas a verdade é que ainda penso em você
E não me venha dizer agora já é tarde



Maurício Tovar Junior
;*

quinta-feira, agosto 21, 2008

Saudade de você

Saudade de você
Saudade do seu cheiro
Da sua pele de bebê
De ter-te o dia inteiro

Suadade dos seus beijos,
Do nosso contato, você na minha cama
De realizar o seus desejos,
Você dizendo que me ama

Saudade, saudade

Pra saudade faço um apelo,
Quero de volta tudo aquilo
Tocar teu rosto, cheirar o teu cabelo
Minha língua em seu mamilo,

Teu calor, teu fogo, teu amor

Saudade de tudo, do seu grito custoso
Dos seus olhos frente aos meus
O barulho agora mudo, silencioso
E eu sequer tive a oportunidade de um adeus

Amor assim, bom de mais e a curto prazo
É prazeroso até demais, a alegria grita até cansar
Depois resta o ápice arraso
Do adeus que não pude dar.


Maurício Tovar Junior

segunda-feira, agosto 11, 2008



Recorrerei à unica forma que encontro, no momento, de tentar esclarecer o que há pouco fôra tão claro para mim. E aqui trancarei este sentimento, no direito de dizer que muitos o sentem tão poucas vezes na vida, e quase certo também afirmo que ele vem como um prazer perverso.
Nesses momentos é que entendemos o significado de uma música um pouco mais triste, uma melodia receosa de espectativas positivas.
(...)
Sinto medo de estar confundindo as coisas, de estar generalizando atitutes exclusivas de uma pessoa à tantas outras, talvez só pelo fato de pertencerem ao mesmo sexo, ao mesmo patamar social. Talvez não seja assim com todas elas, talvez exista uma mulher em que a gente possa confiar o nosso amor, tão facilmente dado de todo o coração quando há um tom de carência traçado em nossa personalidade.
Em meio a um mar de opções, o complicado parece estar sempre a um passo de minha escolha. Não é sempre, mas na maioria das vezes - a memória é seletiva, então é mais fácil se lembrar de escolhas mal feitas, pois se houvesse alguma que deu certo, então certamente lembraria-me dela.
O discurso está negativo demais, melancólico demais. Talvez eu nem transparece o que estou escrevendo aqui - como uma forma de alívio - talvez eu precise de um psicólogo, mas também existem algumas gotas de lágrimas que pretendo deixá-las cair, mas não as disperdiçarei por agora, sei que é passageiro e que as lágrimas me são raras.
A rotina é pesada, é estressante, cumprir com os deveres agora fica muito mais difícil. Pensar nisso pesa mais na cabeça do que qualquer semana de aulas intermináveis. E eu me julguei ser forte o bastante para encarar a realidade, esta que poucas vezes encaro, que mascaro por comodismos e sonhos bobos. Engraçado como uma situação dessas, quando alguém que você acredite ser a pessoa certa, lhe dispõe as cartas e prejulga a derrota lhe faz ficar sem ação. Lhe faz agir como um idiota, querendo tomar para si a liberdade de escolha que cada um tem. Dê poder à um homem e conhecerá este homem, ofereça frustações à este mesmo cara e o terá como uma criança, diante de seu maior medo.
Rejeições.
Poder parecer, depois de um tempo, que você tem o controle da situação - nada lhe afetará, todos gostarão de você e em nenhum momento você vai se encontrar sozinho, andando pela rua no final de semana sozinho, como um cão sem dono procura um abrigo ou um companheiro.
Fui omisso, incoerente com o que sentia. Levo uma lição: nunca abandone, por nenhum momento a pessoa que você segura a mão olhando para o céu. Quando você lhe diz as palavras mais doces e espontâneas, que até parecem sair de um novela, quando você é sincero o bastante para causar-lhe uma sensação de emoção, comoção, felicidade, paz e bem querer, jamais abandone esta pessoa. Não deixe a dúvida permear onde antes estava o seu perfume.
Sinto-me ao menos com aquela sensação depois do choro, mas sem o choro. Alívio. Uma vergonhosa paz pedindo passagem. Uma falsa liberdade que me trancafia no desejo de querê-la por completo.
Mas as emoções em demasia não trazem boas consequências, até para amar precisamos de um pouco de cautela. É um paradoxo. Sobrepor razão à emoção. Onde já se viu isso? Vivamos então sob a maldição deste paradoxo. Com cautela, sempre com cautela.

RE volta

Isso? Isso é revolta
É a fúria que sinto pelo tempo perdido
Tempo que perdi ajoelhado, esse, nunca mais volta
Ridículo, estúpido e bondoso

Assim eu era, agora não mais
Bondoso sim, mas sensato tão quanto
Despenso sua bênção, despenso sua reza
Cale-se um pouco, antes que eu me torne violento

Não aguento mais, como pude ser tão fraco?
Aceitei tudo que me disseste, e tú nunca respondera minhas perguntas

Cale-se, cale-se ou acabo agora com a farsa que chamas de vida
Maldito sejas tú, tua cruz e tuas palavras
Sois vós quem arderá em lavas

Agora queime, e com tú, tua mentira que percorrera milênios
Nunca alcançarás o pai, nunca serás luz
Teu templo é sujo como o lixo, tua batina é tão negra quanto a tua alma

Agora te cale, e não me pessa para ter calma
Pobre de tú, tenho pena, muita pena
Como pode caber em alguém, tal fraqueza e tal alma pequena?!

Resaste tanto durante tua vida, tú e os seguidores teus
È lamentável eu foste tão cego,
Que te afastaste tanto do real significado de Deus
E deixaste dominar tanto pelo teu podre ego.



Maurício Tovar Junior

sexta-feira, agosto 08, 2008

LÚCIFER

Linda estrela matutina , Anjo caído
Único, forte o bastante para desafiar o mestre
Confundido com o diabo, ainda hoje é odiado
Infernal é a mente humana
Fraca e despida de luz
Esperar é o que nos resta, enquanto no céu de hoje
Renasce a luz que, infelizmente, não brilha para todos

Olhe para o céu, meu mestre, está vazio

Agora, os bons homens trabalham contra nós
Não sabem, não fazem idéia
Já tentamos ajudar, mas a falta de luz levou cristo à cruz
Oram para vós, e continuam a agir estupidamente

Coitados, não podem ser ajudados, não querem
Avatares, busquem os poucos, de preferência os loucos
Íris fará a lavagem dessa humanidade podre
Depois de limpa, recomeça a reciclagem
Outra tentativa de elevar o pobre espírito desses coitados



Maurício Tovar Junior

quinta-feira, julho 24, 2008

O amor é inexplicável,é instável
O amor é ,até mesmo, manobrável
Às vezes o amor está à nossa frente
Mas nós somos egoístas
Somos amados, e sabemos,
Mas o ego nos impede de ver o que temos.

Temos obrigações,lições
Todos obedecem ordens,
Maravilhados com suas prisões...
Quando conseguimos ver a "realidade",uma parcela mínima, a possibilidade,
Muitos de nós apenas choramos, perdemos o controle,oramos, imploramos a volta.
Egoístas...
Cada um em seu mundo.
Mas mãos que ajudam,são mais santas do que lábios que oram.
Santos...nem por um segundo.

Na calada da noite,penso em mim
Lembro do outro, apenas lembrança.
Meu mundo é pequeno, nada me balança, quase não vejo horizonte
Pois só olho para o espelho, não consigo achar a fonte
A fonte do meu ser, a essência do meu “eu”
Mas “eu” é que não quero saber, então, penso "o problema é meu"...
Egoísmo

As coisas não são como são
Tudo que tenho em mente, é só ilusão...
Viver não é essa viagem aparente,
Onde se segue sempre em frente, para chegar a lugar nenhum
Quem viaja para chegar lá, se perde no caminho
Viajo por viajar, faço meu ninho, faço meu caminho
Mas não entenda mal, não sigo sozinho
Vejo o amor , divido o bom sabor , não guardo minha dor
Veja você, e não o perca de vista
Mostre-se a você e a todos,
Mais sensato e menos “ista”.

Maurício Tovar Júnior

Não um apelo, uma tentativa de despertar

Não um apelo, uma tentativa de despertar

Quando me vem essa tentação
Esqueço, depois relembro-me de quem eu sou
Fecho os olhos e volto a ver com o coração
Quando me vem tentar, aquele poder
Reviso-me a vida,
Quem sempre fui e quis ser,
Aquela alma presa que, ao longo do tempo, se soltou.

Quando me vieres propôr o mal
Ou me convencer sobre o que é sagrado
Afasto-te de mim,
Tua alma suja e teu hálito fecal.
Não preciso de ti ao meu lado,
Estou fora da sua gaiola, e prefiro continuar assim.

Não me venhas propôr idéias ou pensamentos divagantes,
Ideais infelizes, ser um demônio aprendiz.
Já fui tentando assim por ti, e ainda antes.
Não me convences com tuas ordens fúteis e infantis

Tu, pobre padre
Pode tratar teus fiéis como cegos ovelhas,
As portas que fechas para o mundo,
Minha própria alma,pra mim, as abre,
Tuas mãos sujas de sangue nunca puxarão minhas orelhas.

Sou líder de mim,
Desafio-te a um duelo de luz,
Eu, buscador mirim
Tirarei das trevas, os "fiéis" que tu conduzes

Religião, igreja, Deus e padres
Por que me revolto tanto contra estes?
Porque o mundo está cego e podre!
Por que será?
Pelas vendas que te põem, teu bom senso já perdeste.
Mortes, guerras, torturas, todas em nome de deus
Até o próprio Jesus, morto por estar na luz.
Ainda resta-te uma parcela de verdade

A menos que prefira manter-se assim,
Podes ter a verdade em mãos,
A verdade que está em cristo está em você e está em mim
É uma escolha que,em muito, se assemelha
Àquela questão de pílula azul ou pílula vermelha.
Quem sabe ,um dia,Possamos ser realmente irmãos.



Maurício Tovar Junior

Jovem pássaro místico

Um sorriso roubado,
Um abraço negociado,
Um beijo sem bondade.
Nada espontâneo,
Nada verdade

Se fora agora uma tarde sóbria,
E não apenas uma noite sombria,
Não terias me tirado a glória,
E não tão cedo a lua esconderia

Eu também sinto pena,
Eu também sinto ódio,
Também sinto amor

Eu sou vivo
Eu também sou humano,
Eu não sou a refeição do seu ego desenfreado
Sou mais do que teu orgástico castigo,
Mais do que puro prazer,
Jogado nos seus lençóis de pano

Por favor, não me tenhas apenas qualquer homem,
Às vezes presunção, talvez sim, talvez que não,
Mais que os demônios que te saciam e te consomem

Não sou o seu dinheiro sujo,
Não sou álcool, embriaguês
Tontura de cerveja,
Revelo-te a lucidez.

Espero que um dia,
Possa me ver como parte de ti.
Realmente,
Espero que veja.

Veja que eu não sou "o diferente",
Que eu não sou o revolucionário,
Nem pretendo ser,
a palavra que não consta no dicionário

Eu tenho ,sim, uma missão
E o mundo vai me ajudar, preciso que me ajude,
Consciente ou não.
Sem ordem, sem obrigação, sem uma cega submissão
E é assim que espero que o mundo mude,

Você,"amizade", ainda não consegue ver,
Que luz da alma transcende a idade.

(Maurício Tovar Junior)

Luz, valor e fome

Valor eu dou a vida,
Vida que vivo contente
Amizades que faço em alegria plena
Amor que consigo difícil
Aguardo impaciente
O amor que fará a minha vida valer a pena

Me sinto distante, diferente
Não um outro messias
Talvez um libertário, sem dogma nem regra
Livre de cultos e professias
E sem nenhuma importância aparente

Olhando pra mim, quem diria?!
"Garoto futuro","jovem passaro místico","Rei de si mesmo",
Palavras de meu Pai,
Não me tomo por valor
"Orai e vigiai"
Não me apresento um iluminado.
A palavra certa seria "Buscador"

Meu caminho nunca antes trilhado
Não me guio por gurús, bíblia nem vedanta
O amor é o que me faz, me cria, me inspira e me encanta
Meu destino deve ser a infinidade,
Abrir a trilha do infinito,quem sabe.

Talvez quando eu tiver a chave do universo
Eu prefira viver essa condição, viver essa dor
Jamais Fugiria em liberdade, em plena paz
Mais me importa sentir na veia a maravilha que é o amor
E me entregar ao limite em prol do amor que peço.

Viver neste mundo em que a alma se vende por moedas
Onde os sentimentos se perderam na confusão dos valores
Fama, fartura, solidão,Trabalho, um milhão de reais
Isso não faz minha mente, nem meus olhos brilharem
Amizade, amor,carinho e afeto de verdade
Isso vale infinitamente mais,
Muito mais do que o Prazer impuro da vaidade.

Revolução,
Revolta-te contra o ego que te consome,
Propaga a paz e a verdade em teu coração,
E que a luz da glória sacie a tua fome.



Maurício Tovar Junior

Pós humanidade

Eu, simplório ser mortal...
Imóvel e quieto...
Habitante deste nojento,terrestre, solo,
Colocado como mais um produtivo inseto...
Escravo do banal
Eu me mantenho, mas não me consolo.

Por enquanto sou apenas um réu
Nessa condenação postiça
Sou mais uma, das milhares flores do pomar
Submetido à mais injusta justiça

lua no céu
espaço do universo
agua no mar
doce do mel
O oposto do inverso
Sou o tempo
A vida
O vento
Tomado pela pureza do sentimento...

E ainda assim não sou nada...

Quero amar
Quero chegar em algum lugar

Eu quero quase nada...
Eu luto... Luto contra ninguém
E me torno cada vez mais, um refém
Da obrigação
Da prisão do compromisso
Não assim,
Um viver postiço...

Não consegui nada do que eu quis
E por isso, ah...Como eu sou feliz

Um desejo tão indesejado
Falso
Invejado
Não poderia ser realizado

Eu vi além
Vi mais...Fui mais...
Mais do que um humano Zé ninguém..

Desde sempre eu sabia que era capaz...
De fazer o que ninguém mais faz
Eu quis ser mais, mais do que um simplório rapaz


Quis voar
Quis ver
Quis ir
Quis sair e acordar
Superar o limite...
O limite da mente...Do cosmo
Mais do que ser...Ter ou estar

Joguei fora tudo aquilo
Que me fez sofrer
Que fez de mim um escravo do ter
Ou um escravo do simples ser...viver
Agora não tenho mais medo
Já sei o segredo

Tenho a verdade
Agora vôo tranqüilo
Rumo a absoluta liberdade.


Maurício tovar Junior

No império do amor

Tão perto, tão longe
Tão desperto, mais que um monge
Tão fechado, mas tão aberto
Estranha condição, presente incerto.
Tudo, nada, sim e não
Essa eterna contradição

Uma indestrutível junção,
Mas que se rompe com o amor,
E eu venha da quebra, e também da união
Do prazer e da dor.

Tagarela no silêncio,
Culpado na inocência,
Igual na diferença.
É a paz que o caos esconde,
É o caos que a vida revela
Disco voador, jato, zepelim, caravela
Saber de onde, para onde e por quê.

Um sentido, na confusão que é viver.
O sempre, o momento
Agora chorar, amanhã sorrir
Sentimentos meus
Felicidade triste
E um que ainda resiste,
Ir e vir,
Me despir de tantos eus
Declaro o fim em um soneto mudo,

E por fim, sobra o nada
E impera o tudo.


Maurício Tovar Júnior

terça-feira, julho 22, 2008

O direito de ser esquerdo

Nós, os canhotos somos mal vistos!
Nós, os canhotos somos estranhos!
As pessoas têm medo
Só porque levantamos todos os dias com o pé esquerdo?!
Agora essa, acham que o canhoto nunca irá se indireitar na vida!
Será que não tenho o direito de ser um “esquerdo”?

Há quem diga que somos gênios!
Há quem diga que somos demônios!

Para defender a primeira tese, temos Albert Einstein, Bill Gates
O músico Beethoven,
O famoso Isaac Newton
Todos estudam, todos conhecem, todos ouvem,
Eram todos canhotos

Por outro lado temos os malvados, loucos e sem pudor
Os canhotos: Kurt Cobain;a guerreira louca, Joana D’Arc , Billy the Kid
Até o assassino de prostitutas, Jack, Estripador
Esses não eram muito bem vistos.

Os destros se acham normais, os canhotos também
Mas os destros acham estranhos, os canhotos
Mas os canhotos acham estranhos, os destros
Como resolver a situação?
Seremos todos ambidestros!?

É complicado,
Os destros têm total apoio das lendas e supertições

Se sua mão direita coça, você vai receber algum dinheiro
Sinal de sorte
Mas se coça a mão direita, você irá perder o seu dinheiro
Sinal de azar, essa briga já causou até morte!

Os esquerdos eram seguidores do príncipe dos demônios,
Samuel,o chefe de satanás era o seu “Deus”
Samuel, ou Se’mol, significa “o lado esquerto”
E segundo os Judeus
Canhotos e demônios eram sinônimos.

Por que essa teoria tão bizarra sobre nós?

-“Os canhotos são poderosos feiticeiros”, dizem os esquimós

No egito, o deus Set, que poderia ser relacionado ao Satanás do Cristianismo
Também era chamado de “O olho esquerdo do Sol”
E então, já se pode imainar o que pensaram a respeito do canhotismo
Já o famoso Horus, o deus da vida, era “o olho direito do sol”

Parece que as religiões não simpatizam muito com os canhotos

Até mesmo no budismo, para alcançar o caminho para o Nirvana
Já é dificil se for um adepto do canhotismo, digamos assim
Segundo Buda, o caminho para o nirvana se divide em duas partes:
O caminho da mão esquerda, e o caminho da mão direita
Um é considerado o jeito errado de se viver,
O outro é considerado digno para a purificação da alma,
E advinha só qual é o jeito errado?!

Nós canhotos podemos não ser os gênios
Mas também não somos demônios
Se fossem menos sarcásticos a respeito dos canhotos
E tão à favor da opnião de “normalidade” dos dstros
Talvez seriam, os canhotos,mais modestos

Talvez Einstein não se julgasse acima da média
Talvez não elaborasse a teoria da relatividade
Talvez, apenas Talvez,
Isso tudo é muito relativo

Talvez ,se não fosse canhoto, Alexandre não tivera sido tão “Grande”
Talves Ayrton senna não tivesse batido,
Mesmo sendo numa curva para a esquerda

E então, ser canhoto é um dom, um defeito
Um ganho ou uma perda?!

E se o meu caminho se divide, eu pego pra esuerda!


Maurício Tovar Junior

segunda-feira, junho 23, 2008

O que chamam de alternativo



Alimenta-se o ego como trata-se uma doença;
A cada nova dose um alívio imediato
O covil das vaidades é um centro médico onde todos buscam amenizar as dores
Evitando de toda forma ridicula o fracasso social
Mendigamos elogios e reconhecimento, à todo custo queremos nos entreter
Com a nova aquisição, para termos algo em que acreditar e seguir em frente
Perca tudo e sentirá a essência beijar-lhe a face
A completa riqueza está no não ter, no não ser, no não agir
O não como um todo é tudo, ser feliz é não haver procura
Residirá o dilema principal, sem procura haverá vida?
O ocidente embasa-se no homem doente,tenta curá-lo, tenta o pôr em contato com a realidade, com a normalidade
Mais que o natural é o homem, não se pode viver simplesmente como um bom cachorro
Esperando a recompensa, sentado e fazendo tudo que lhe ordenam
Viver então trancende qualquer fato comum às sociedades contemporâneas
Buscar novas alternativas de prazer, uma nova busca que não seja a material
Esta sim lhe trará ao Buda, ao paraíso verdadeiro, e feliz será quem seguir assim

sexta-feira, junho 13, 2008

O romance de um eu ainda vivo



O que será isso?
Meu peito arde em alegria
Minhas idéias caem lentas e previsíveis como a queima de um pavio

Estou em desespero? Estou!
Por que minhas mãos não me obedecem?
Trêmulas e tomadas pela agonia
Explodo em alegria, mas não consigo sorrir
Pois então, estes olhos me dominam
Como és bela

Aqui e agora, tantos olhos, tanto barulho
Na algazarra dos que comemoram com a embriaguês
O mundo para de repente
Não há mais nada entre nós
Eu e ela e mais nada
Meu olhar nervoso e o teu sorriso cortês
Nenhum barulho, apenas a melodia de tua voz

Deixo-te falar, ouço quieto a delicadeza daqueles sons
E o pavio chega ao fim
Explode em meu peito o desejo de amar-te
Porém, tua timidez me impede, ou talvez outra coisa
Proponho uma solução:
- Vamos, o mundo é vasto e amplo, não vamo-nos deter aqui.
E deixamos ,então, a alegria da ocasião para encontrar a nossa

Ao cansar da fuga, nossos corpos molhados e as bocas secas
O silêncio grita o pedido:
- Vitalize o rubor destes dois amantes que também queres amar os teus.
Doce, suave, puro e verdadeiro. És um presente de Deus
Prometo que te amarei, mas se não queres minha promessa, ora essa
Sinta o meu peito pois então,
Caia sobre mim onde eu me deito que te vou provar
Ela insiste no aconchego do seu lar. Pergunto se é seguro
Teu sorriso e teu olhar focado incitam afirmação
Caminhamos pela noite e chegamos ao destino
Já na escura madrugada, deita-se comigo, torna-se minha amada

Amamo-nos como nunca antes
Em teus olhos claros e brilhantes, assim como nos meus, reluz a verdade de sinceros amantes
A magia ocorre por longo período
Teu colo se ruboriza ao leve toque de minhas mãos curiosas que se atrevem à carícia
Sinto o teu peito, sinto-o pulsar e sinto-te por inteira
Um sentir de carinho e sem malícia, de toque suave, porém ainda sem perícia
E em meio ao entrelaço de nossos corpos já cansados, no escuro
Um primeiro “ eu te amo” surge tímido
E então pousa leve a quietude do descansar em meus braços seguros

A noite se vai cedo, a luz invade meus olhos
Viro-me para o lado e ,antes que meus lábios pudessem tocá-la,
Abrem-se teus olhos tímidos e semi-lúcidos e do olhar nasce um novo sorriso.
Levanto-me com firmeza e já revigorado
Sinto a leveza de seu toque em meu braço e o tom indignado:
- Já vai partir? Mal amanheceu! Fique pra sempre, como ontem me prometeu!
- Ainda não é hora, assim corremos perigo. Confie em mim, veremo-nos ainda esta noite se quiseres mesmo ficar comigo, e assim como dizes, seremos, pois então, loucamente felizes.
- Promete?
- Do fundo da minha alma e do meu coração, ou malditos sejam ambos.
Sem muita explicação, eu parto rumo ao dia novo igualmente cruel.

O sol percorre seu longo caminho pelo céu, e quando a noite anuncia o fim do dia
Meu peito avança, por instinto, rumo ao oceano da alegria de um amor tão belo.
Assim como o esperado, lá estava ela, ainda mais bela
Beijo-te com carinho e pureza e liberto-me com palavras da incerteza que morava em mim:
- Vou contigo por todo o fim! E que a chama que acendeste em mim queime eternamente por ti.

Uma sombria paz ilumina o acontecer, e mais uma vez presencio o amanhecer.


Maurício Tovar Júnior

quinta-feira, maio 01, 2008

O Diabo me Soprou

Coruja, quieta sobre a laje da portaria.
Pergunto-me a causa de sempre aconchegar-se ali na quina, lugar estratégico.
O teu jeito sorrateiro e desconfiado faz-me querer avançá-la.
Voa tão mais rápido quanto meu sensor óptico, chegando logo ali no asfalto vermelho, iluminado pelas luzes situadas nos postes desta cidade, insone algópole no coração do Brasil.
É quase manhã, e ainda está gelado. Ventanias que sugerem a própria solidão, invadindo até a matriz óssea, debulhando-me todo poder de defesa, esfaçelo-me à calafrios e saudade, todos jogados no chão azulejado de listras retangulares marrons.
Mais um vôo, agora está em cima do muro. Confunde-se então com o escuro, denso de pudor, das janelas fechadas da escola, que refletem de longe minha inquietez.
Os carros continuam à passar... à este pesar atribui-se, obviamente, as altas horas, e, é claro, a coruja, que à pouco desfilava sobre o chão empoeirado e quase frio: fôra espantada como quem é enxotado do parque.
Já a perdi de vista há seculos.
Mais um carro que passa numa velocidade incrível, tendendo ao limite kamikaze.
O céu está em noite de gala, todos os anjos trataram de acender suas velas, enquanto a lua harmoniza tons serenos e sensuais. As nuvens mais parecem competir com as estrelas, ofuscando-as sob a densidão azul de seus pálidos véus.
Enquanto um "cri-cri-cri" aqui e, outro "cri-cri-cri", acolá amolavam minha santa benevolência, os "plins" estavam à reagir contra a força dos ventos. Tornava-se, então, muito mais perversa a sublimidade natural.
Eis que, o smog insalubre despeja o seu lodo viscoso por sobre os meus pés. E então aclimata-se à minh'aura o aroma de enxofre, que corrói as minhas pernas com ácido sulfúrico.
A primeira lava explode, e então começam a sair, do chão entreaberto, insetos que nunca, antes, vi. Vespas e escorpiões atados em um só ser.
Os seres fronte à mim eram uma espécie híbrida da, vulgarmente alusiva, figura do demônio.
Sem meias palavras, bradaram, todos, sussuros aveludados, porém imperativos em todo seu lexo, que fizeram-me imóvel pelo tempo que "falaram". Uma espécide de "cú-curú" contínuo e lamentoso.
Tudo fôra-me exposto, tão logo despertei.
A coruja ainda olhava fixadamente para mim, lá de longe (agora em cima de uma árvore), como quem alegasse o próprio crime.
Foi-se embora outra vez, perdendo-se no mundo.

sábado, março 15, 2008

Ponha no cesto

Sexo é para os pacientes, para os compenetrados, sexo é para os sábios
Para os bem dotados, de mundo e de vara
Mas se a sua marra, te deixa tão amarrado que não consegue soltar um orgasmo quando come, meia hora seguida, não há agonia, isso se consome, com o tempo, e aí se faz melhor
Sexo é só para os pacientes mesmo,
Paciência é tudo que gira ao redor da extrema santidade, sendo os sufis deuses do sexo, então
Pode-se pagar pra ter sexo, pode-se corromper pra ter sexo
Só não pode se falar de sexo
Quando o assunto é sexo não se quer sexo
Quando se quer sexo, não se quer muito assunto
"Mas conversa aí pra não ficar muito monótono", só puta profissional

Haverá, ainda, um final feliz

- Pô, mas vem aí qualquer dia desses, seria bom agora nas férias, que tal?
- Ah, você sempre me fala isso...
- Como assim?
- Como assim? Você sempre me chama pra ir até aí nas férias... e depois some de mim!
- Não... das outras vezes houveram desencontros, você sabe...
- Mesmo assim, não sei... minhas amigas querem viajar pro litoral também.
- Hum...



- Mas olha, nem é certeza também viu, até acho que dessa vez eu vou aí, porque tenho algumas coisas à fazer...
- :)
- Que coisas?
- Bem, terei que reencontrar velhos hábitos maliciosos...
- Sei, e por acaso isso tem algo a ver comigo?
- Hum...



- Enfim!
- O quê?
- Você é linda, tão perto do seu silêncio eu fico seguro e confortável, à espreita da desordem emocional. Eu te amo, mesmo a gente não tendo se visto por esses tantos anos...!
- Como assim? Você é louco? Comedido, nem um pouco? Como fala isso assim, de sopetão... sem nem eu estar perto pra poder retribuí-lo...
- :)

sexta-feira, fevereiro 29, 2008

Esse discurso não é meu

Eles estavam querendo pôr em minha cabeça que arte é aquela expressão subjetiva,
da qual enquadra-se em moldes definidos e, paradoxalmente, relativos à própria expressão subjetiva do ser, conotativamente traduzindo sua realidade às formas padronizadas.
Se arte é o refúgio, e à qual nos refugiamos quando queremos nos representar de maneira concreta, porque limitá-la a definições e preceitos já dante concebidos e sempre aclamados?
A perfeição métrica romana, o padrão formal de beleza grega.
Mas em tudo isso há um medo, um completo não querer de que todos possam ter livre acesso à suas próprias faculdades sensitivas. Diria até "uma tirania sobre a liberdade individual -anacrônica e obsoleta!".
Arte é aquele tipo de coisa que não tem tradução, está mais para algo abstrato, mais fluente como sentimento.
Para mim, defini-la como tal (seguindo padrões), é uma forma de dominação cultural, ideológica e, sobretudo, alienadora. Formadora se perpetuações imutáveis que mantém a mesmice das drogas unânimes. Eu não aceito preconceitos.

quarta-feira, janeiro 30, 2008

Boemia

Já está decidido, vou dar uma volta pra ver o que vira esta noite.
O que eu quero é simplesmente o que os meus amigos também querem, e se é assim por que não aderir?
Só pelo prazer, não menos raro por ser simplório, de retomar aqueles velhos clichês de embriaguês e muita putaria.
Um pouco de filosofia etílica para relembrarmos que somos capazes de nos tornamos, novamente, jovens pseudo revoltados com o sistema, que nos oprime e nos torna mediocremente fascinados pela ilusão do sucesso alcançado pela escravidão espiritual, mas nesse ponto nem tanto, porque para um ateu o simples fato de se falar nisso pode vir a se tornar uma grande dor de cabeça, pesando sobre a dor da existência efêmera e blá, blá, blá...
O cheiro do álcool destribuído em cervejas, vodkas, cachaças e batidas, somado ao perfume de uma vadia que se joga no seu colo e lambe o seu pescoço - aí multiplica-se pelas risadas desprovidas de cabimento nem razão, sem motivo muito menos compreensão. O ponto alto da sua felicidade noturna é a primeira tragada, após bolar o beck.
O frio é essencial, o calor é amistoso.
A carência de dias e dias no estresse total é toda dilapidada e transforma-se em uma ferocidade pré histórica.
Alegria maior não há não, quem ainda não sabe disso não tem motivos para se dizer feliz de verdade.
Depois sobram os casais, sobram os amigos bêbados - pelados, largados pelas calçadas rua acima.
Ressaca é amiga, e você acorda com uma desconhecida.
A melhor vida.

quinta-feira, janeiro 10, 2008

O tempo e você

Posso até entender a maneira como você se põe diante das câmeras,
Posso sorrir milhares de vezes, continuarei sorrindo enquanto sorrir;
Olho no fundo do loiro cinzento, sinto o cheiro que sai da sua pele de creme
Posso sentir o sabor que tem, esse eu ainda não provei
Posso me afastar por muito mais tempo, mas não pra tão mais longe
Olho no fundo destes olhos inesperados de amor, sinto o toque da sua garganta
Posso enxergar por entre as nuvens que proliferam perante a nossa distânica,
E nelas faço desenhos que só eu sei, coisas que só você acharia graça eu também sei dizer
Aquela maneira mais simples e autêntica possível, que só eu sei, despretenciosamente
Almejando porém o que você também sabe, do mesmo jeito delicado e misterioso
Nunca tão entregue, nunca tão disfarçado,
Mesclando a sutileza de sua indiferença com a sua maior necessidade, e ambas apontam para o mesmo rumo
Por ali não encontrei, por aqui está ainda mais frio
Por onde tenho alegria é aonde estava
Posso ir lá agora mesmo tocar a campainha, posso agora mesmo ligar pra você
Posso pedir à todos que ouçam o que mais desejo nesse mundo, posso mentir várias vezes para mim mesmo,
Mas não posso continuar sendo injusto
Mas não posso continuar te prendendo nessa longa espera que tem sido
Parece-me melhor ser assim, não era antes como é tão bom agora
Tem uma aparência de ser mais apimentado, ser mais mereçido
Mas não posso continuar assistindo a chuva cair,
Nem esperar que tudo se evapore
Nem sei também se serei mais o mesmo que fascinou a sua querência, nem se continuarei sendo
Apesar de estar igualmente parecido com o que era, estou mais enferrujado como nunca fui
Mas espero que quando eu chegue, você esteja me esperando
Somente mais um pouquinho, é o que desejo por agora
Se o tempo me permitir realizar dessa vez, realizo o tempo satisfazendo suas querências também,
E este não será mais desperdiçado sofrendo por não tê-la aqui