segunda-feira, outubro 27, 2008

O que eu quero

Estou indo embora.
Por um longo tempo estarei ausente.
Passarei pelas estradas para encontrar a natureza, chegarei até os monges e por lá ficarei.
Meditarei.
Uma completa mudança - física, espiritual.
Antes disso a levarei comigo.
E lá de cima lançarei suas lembranças aos lobos.
Pronto, a primeira etapa estará concluída.
Abandonarei minha família, serei tão frio.
Vou finalmente compor em paz, em uma pista livre onde a inspiração venha.
Levarei só meu violão.
Encontrarei pelo caminho um fiel amigo vira-latas.
Perderei noites de sono olhando para as estrelas.
Passarei o dia nú, estarei bronzeado de liberdade.
A maior parte do tempo estarei habitando cavernas.
Mas antes disso não posso me esquecer de fazer algumas pessoas sofrerem.
Ponderarei os que mereçem morrer.
Julgarei a morte mais cruel.
E fugirei.
Estarei em contato com espirítos, bons ou maus.
Conhecerei seres de outras galáxias.
Deixarei de acreditar na lei dos homens.
Retornarei no final da vida.
Reencontrarei quem restar de meu passado.
Caminharei por todo o bairro em que fui criado.
Como um vigia.
Como uma alma vagando à esmo.
Não falarei com ninguém.
Até o final de meus dias estarei calado, uma epifania duradoura.
Não mais pensarei sobre o mundo.
Estarei a cima dele, e indiferente.

quarta-feira, outubro 15, 2008

Um novo tempo para amar

O Mundo se agiganta ainda mais,
Repousando sobre nós esta serena paz

O amor florece nos campos do coração,
A humanidade faz história com a nossa geração

Conseguimos ,enfim, evitar o fracasso,
Enfrentamos o ego sem usar a força do braço

Quando o homem fecha seus olhos para os espelhos,
Abre seu coração para o mundo e põe-se de joelhos

Quando a dor do próximo torna-se a própria dor,
Neste dia, paira sobre mundo a harmonia do amor

E neste dia ,então, já não se tem mais diferença,
Somos todos iguais, independente a cor, origem ou crença

Livres de todos os valores fúteis e pecados insolúveis
Fazemos do mundo um outro céu, abaixo das núvens

Façamos do mundo o nosso templo a se cuidar
E façamos do tempo, um tempo eterno para se amar.


Maurício Tovar Junior

terça-feira, outubro 14, 2008

Coração de poeta

Coração de poeta
Cabeça de maluco
A Alma já desperta
Pra não morrer caduco

Poesia é meu dever
Maluquice é a maneira
Se eu optei por escrever
Escreverei a vida inteira

Ainda procuro o meu norte
Vou sem medo
Já que a vida é um segredo
Pra descobrir, conto com a sorte

Até aqui tive sucesso,
Me dei bem e não reclamo
Mas pelo amor que lhe peço
Deixarei pra traz, tudo que amo

Poesia é um sentimento
É o desafabafo ou o relance
É o reflexo de um momento
Ou uma expansão do alcance

Purifica a alma
Vivifica o coração
É a mão que espalma
Qualquer chateação

Escrevo porque sinto
Toda a beleza do universo
E cada sentimento distinto
Acaba virando um verso

A Brilhante luz do “Eu”
Que hoje está tão em falta,
O paraíso que o pai não prometeu
É a emoção que o poeta exalta

Maurício Tovar Júnior

domingo, outubro 05, 2008

Tulipa Amarela


A última flor da primavera ainda respira. Uma flor solitária, com tamanha responsabilidade.
Ela sustenta todo o peso de carregar consigo a beleza da estação.
Logo virá o verão, logo o seu brilho cessará e sua beleza se tornará comum.
Por ser única e bela, se mantém.
Ela revela um injusto contraste, reduzindo em fraqueza a deficiência das pessoas.
Só podemos aceitá-la;
Aceitar que exale seu perfume, que deixe sua cor preencher nossas vidas vazias de significado.
A última flor.
Por que tão distante?
Tão intocável... um deboche perante a fascinação.
Sua presença, lhe deixa sem ação; desfaz os efeitos do tempo e do espaço.
Sua ausência, angustiante; e novamente não sabes como agir.
Mas o verão logo chegará, e trará consigo uma força capaz de desarmá-la.
Esse poder que não tens, que lhe falta, assim como a coragem de tomá-la para si.
Será o motivo da melancolia, do passado em que podia observá-la.
A última flor será então apenas mais uma flor.
Sem magia, sem importância, sem significado.