domingo, outubro 05, 2008

Tulipa Amarela


A última flor da primavera ainda respira. Uma flor solitária, com tamanha responsabilidade.
Ela sustenta todo o peso de carregar consigo a beleza da estação.
Logo virá o verão, logo o seu brilho cessará e sua beleza se tornará comum.
Por ser única e bela, se mantém.
Ela revela um injusto contraste, reduzindo em fraqueza a deficiência das pessoas.
Só podemos aceitá-la;
Aceitar que exale seu perfume, que deixe sua cor preencher nossas vidas vazias de significado.
A última flor.
Por que tão distante?
Tão intocável... um deboche perante a fascinação.
Sua presença, lhe deixa sem ação; desfaz os efeitos do tempo e do espaço.
Sua ausência, angustiante; e novamente não sabes como agir.
Mas o verão logo chegará, e trará consigo uma força capaz de desarmá-la.
Esse poder que não tens, que lhe falta, assim como a coragem de tomá-la para si.
Será o motivo da melancolia, do passado em que podia observá-la.
A última flor será então apenas mais uma flor.
Sem magia, sem importância, sem significado.

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