Coruja, quieta sobre a laje da portaria.
Pergunto-me a causa de sempre aconchegar-se ali na quina, lugar estratégico.
O teu jeito sorrateiro e desconfiado faz-me querer avançá-la.
Voa tão mais rápido quanto meu sensor óptico, chegando logo ali no asfalto vermelho, iluminado pelas luzes situadas nos postes desta cidade, insone algópole no coração do Brasil.
É quase manhã, e ainda está gelado. Ventanias que sugerem a própria solidão, invadindo até a matriz óssea, debulhando-me todo poder de defesa, esfaçelo-me à calafrios e saudade, todos jogados no chão azulejado de listras retangulares marrons.
Mais um vôo, agora está em cima do muro. Confunde-se então com o escuro, denso de pudor, das janelas fechadas da escola, que refletem de longe minha inquietez.
Os carros continuam à passar... à este pesar atribui-se, obviamente, as altas horas, e, é claro, a coruja, que à pouco desfilava sobre o chão empoeirado e quase frio: fôra espantada como quem é enxotado do parque.
Já a perdi de vista há seculos.
Mais um carro que passa numa velocidade incrível, tendendo ao limite kamikaze.
O céu está em noite de gala, todos os anjos trataram de acender suas velas, enquanto a lua harmoniza tons serenos e sensuais. As nuvens mais parecem competir com as estrelas, ofuscando-as sob a densidão azul de seus pálidos véus.
Enquanto um "cri-cri-cri" aqui e, outro "cri-cri-cri", acolá amolavam minha santa benevolência, os "plins" estavam à reagir contra a força dos ventos. Tornava-se, então, muito mais perversa a sublimidade natural.
Eis que, o smog insalubre despeja o seu lodo viscoso por sobre os meus pés. E então aclimata-se à minh'aura o aroma de enxofre, que corrói as minhas pernas com ácido sulfúrico.
A primeira lava explode, e então começam a sair, do chão entreaberto, insetos que nunca, antes, vi. Vespas e escorpiões atados em um só ser.
Os seres fronte à mim eram uma espécie híbrida da, vulgarmente alusiva, figura do demônio.
Sem meias palavras, bradaram, todos, sussuros aveludados, porém imperativos em todo seu lexo, que fizeram-me imóvel pelo tempo que "falaram". Uma espécide de "cú-curú" contínuo e lamentoso.
Tudo fôra-me exposto, tão logo despertei.
A coruja ainda olhava fixadamente para mim, lá de longe (agora em cima de uma árvore), como quem alegasse o próprio crime.
Foi-se embora outra vez, perdendo-se no mundo.
Pergunto-me a causa de sempre aconchegar-se ali na quina, lugar estratégico.
O teu jeito sorrateiro e desconfiado faz-me querer avançá-la.
Voa tão mais rápido quanto meu sensor óptico, chegando logo ali no asfalto vermelho, iluminado pelas luzes situadas nos postes desta cidade, insone algópole no coração do Brasil.
É quase manhã, e ainda está gelado. Ventanias que sugerem a própria solidão, invadindo até a matriz óssea, debulhando-me todo poder de defesa, esfaçelo-me à calafrios e saudade, todos jogados no chão azulejado de listras retangulares marrons.
Mais um vôo, agora está em cima do muro. Confunde-se então com o escuro, denso de pudor, das janelas fechadas da escola, que refletem de longe minha inquietez.
Os carros continuam à passar... à este pesar atribui-se, obviamente, as altas horas, e, é claro, a coruja, que à pouco desfilava sobre o chão empoeirado e quase frio: fôra espantada como quem é enxotado do parque.
Já a perdi de vista há seculos.
Mais um carro que passa numa velocidade incrível, tendendo ao limite kamikaze.
O céu está em noite de gala, todos os anjos trataram de acender suas velas, enquanto a lua harmoniza tons serenos e sensuais. As nuvens mais parecem competir com as estrelas, ofuscando-as sob a densidão azul de seus pálidos véus.
Enquanto um "cri-cri-cri" aqui e, outro "cri-cri-cri", acolá amolavam minha santa benevolência, os "plins" estavam à reagir contra a força dos ventos. Tornava-se, então, muito mais perversa a sublimidade natural.
Eis que, o smog insalubre despeja o seu lodo viscoso por sobre os meus pés. E então aclimata-se à minh'aura o aroma de enxofre, que corrói as minhas pernas com ácido sulfúrico.
A primeira lava explode, e então começam a sair, do chão entreaberto, insetos que nunca, antes, vi. Vespas e escorpiões atados em um só ser.
Os seres fronte à mim eram uma espécie híbrida da, vulgarmente alusiva, figura do demônio.
Sem meias palavras, bradaram, todos, sussuros aveludados, porém imperativos em todo seu lexo, que fizeram-me imóvel pelo tempo que "falaram". Uma espécide de "cú-curú" contínuo e lamentoso.
Tudo fôra-me exposto, tão logo despertei.
A coruja ainda olhava fixadamente para mim, lá de longe (agora em cima de uma árvore), como quem alegasse o próprio crime.
Foi-se embora outra vez, perdendo-se no mundo.
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