quinta-feira, janeiro 10, 2008

O tempo e você

Posso até entender a maneira como você se põe diante das câmeras,
Posso sorrir milhares de vezes, continuarei sorrindo enquanto sorrir;
Olho no fundo do loiro cinzento, sinto o cheiro que sai da sua pele de creme
Posso sentir o sabor que tem, esse eu ainda não provei
Posso me afastar por muito mais tempo, mas não pra tão mais longe
Olho no fundo destes olhos inesperados de amor, sinto o toque da sua garganta
Posso enxergar por entre as nuvens que proliferam perante a nossa distânica,
E nelas faço desenhos que só eu sei, coisas que só você acharia graça eu também sei dizer
Aquela maneira mais simples e autêntica possível, que só eu sei, despretenciosamente
Almejando porém o que você também sabe, do mesmo jeito delicado e misterioso
Nunca tão entregue, nunca tão disfarçado,
Mesclando a sutileza de sua indiferença com a sua maior necessidade, e ambas apontam para o mesmo rumo
Por ali não encontrei, por aqui está ainda mais frio
Por onde tenho alegria é aonde estava
Posso ir lá agora mesmo tocar a campainha, posso agora mesmo ligar pra você
Posso pedir à todos que ouçam o que mais desejo nesse mundo, posso mentir várias vezes para mim mesmo,
Mas não posso continuar sendo injusto
Mas não posso continuar te prendendo nessa longa espera que tem sido
Parece-me melhor ser assim, não era antes como é tão bom agora
Tem uma aparência de ser mais apimentado, ser mais mereçido
Mas não posso continuar assistindo a chuva cair,
Nem esperar que tudo se evapore
Nem sei também se serei mais o mesmo que fascinou a sua querência, nem se continuarei sendo
Apesar de estar igualmente parecido com o que era, estou mais enferrujado como nunca fui
Mas espero que quando eu chegue, você esteja me esperando
Somente mais um pouquinho, é o que desejo por agora
Se o tempo me permitir realizar dessa vez, realizo o tempo satisfazendo suas querências também,
E este não será mais desperdiçado sofrendo por não tê-la aqui

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