quarta-feira, setembro 19, 2007

Paulão e o Pombo Bobo

Tudo começou numa tarde de outono. Eu perguntei se o papagaio morreu ou se estava só com sono.
A dona respondeu que não dá pra saber, parece que morreu, ou tem preguiça de viver.
A sua vida parecia com a minha; era sem graça e sem ação, ele só dormia, dormia, dormia - preguiçoso e beberrão.
Sem saber o que fazer, procurei um veterinário, sem a mínima vontade de gastar nem um único centavo.
Ele me deu uma bronca, chamou-me de descuidado - o papagaio não queria viver porque era pombo viado.
Estava longe do seu amor, que vôou para bem longe e, sem o Ricardão, o pombinho virou monge.
O pai o havia expulsado de casa e a mãe o deserdado. Então, ele ficou desesperado.
Mas, encontrou Paulão - que lhe deu apoio e compreensão.
Sentiu-se como uma galinha; aquele pombo bobo... era sempre com a boca no pinto e sentado no ovo.
Cansou de ser a mulher da relação, pegou meia dúzia de ovo e tacou nas costas de Paulão.
Matou os doze filhos, usando sua asa para isso. Mas Paulão não queria ser o passivo, então pegou as malas e nunca mais deu aviso...
O pombo era bobo e brigão, mas nas terças e quartas queria era meter o bicão.
E essa relação afetava sempre os dois, até que o pombo bobo pegou o feijão, e paulão pegou o arroz; partiram numa fuga brusca - pombo bobo foi de bicicleta, e o paulão de fusca.
Hoje em dia Paulão está resolvido - casou com uma galinha e tem três paulinhos. Mas o pombo hoje chora quando lembra daquele ninho.

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