Naquela mesma calçada em que eu costumava brigar, após muitos goles de cerveja, me lembrei dela. Sentado no banco da única praça que ficava bem no meio da rua movimentada. Olhei as estrelas, que naquele dia pareciam estar mais alegres. Reverenciei minhas lembranças como num ataque ao passado.Era ela, com teus cabelos lisos que caíam por sobre os ombros e a pele macia que mais parecia um anjo. O doce perfume que me fazia suar frio toda vez que lhe dirigia a palavra. Ela era, quente e sensacional, sua voz me acalmava profundamente e sua presença me completava.Dela nunca mais recebi notícias. A última vez em que a vi foi no aeroporto, quando se despedira partindo para a Australia. Com muitas saudades eu fiquei, e guardei em silêncio os meus desejos que não pude realizar.Na época de nossos 15 anos fui um cara muito retraído. Tinha medo que as pessoas me rejeitassem por ser aquele jovem esguio e cheio de espinhas. Como sempre, ela cercada pelos caras populares da escola, sempre a mais desejada. Éramos amigos, apesar das circunstâncias. Na escola não nos falávamos muito, mas morávamos no mesmo bairro e isso sempre foi uma oportunidade para manter nossos laços. Guardava só comigo aquele bobo desejo, a paixão adolescente que eu nutría por ela era algo novo e puro; bem, nem tão puro assim.
Nas festas que havíam eu costumava ficar em casa lendo algum livro ou ouvindo algo na rádio progressiva. Quando resolvía sair de casa para ir a lanchonete aos sábados por exemplo, ficava lá no fundo onde ninguém pudesse perceber que eu estava ali. Pensava que tudo ía passar rápido e logo eu ganharia muito dinheiro. Com isso podería comprar qualquer mulher que a revista "vendesse". Porém, o tempo foi cruel.Além de linda e minha melhor amiga, ela era uma ótima aluna. Tanto que, no verão do mesmo ano em que eu acabara de completar meus 18 anos, ela recebeu um ótima notícia. Para mim, o fim. Uma bolsa para estudar fora, em uma das melhores faculdades que havia no país. Na tarde daquele dia sai mais cedo que de costume da escola, foi a primeira vez que corri para uma taberna que ficava logo ali, no fim da rua. Posso dizer que afoguei as máguas, e meu primeiro porre foi regado a lágrimas.Na manhã seguinte a notícia, fui a casa dela. Ela me recebeu e ali conversamos a manhã inteira. Aproveitei para almoçar lá mesmo. Como se não bastasse tudo de bom, sua mãe ainda me adorava.Joguei conversa fora e, com elas, minha esperança. Ela partiria já no final de semana.No dia do embarque me atrasei, todos estavam no aeroporto. A turma do futebol, suas belas e ricas amigas, e eu. O único diferente. Olhei de longe e ela veio me dar um último beijo. O mais amargo e frio que pude sentir em toda minha vida. Ela foi embora, levando todo o meu apreço e firmeza.Os anos se passaram, e eu consegui me formar. Não em medicina, mas em veterinária. Era algo regular que me mantinha vivo. Como uma ferida que nunca cicatrizou eu fui vivendo os meus dias.Não sei porque raios estou aqui lembrando dela, de minha paixão adolescente. Logo hoje, onde todos estão a festejar o ano novo. Eu aqui, largado em qualquer canto desta pequena cidade que já se move com ares de metrópole. Lembrando dela, daquele sorriso que nunca se apagava, daquele olhar fixo em mim. Não sei porque diabos... MEU DEUS!!!"
Nas festas que havíam eu costumava ficar em casa lendo algum livro ou ouvindo algo na rádio progressiva. Quando resolvía sair de casa para ir a lanchonete aos sábados por exemplo, ficava lá no fundo onde ninguém pudesse perceber que eu estava ali. Pensava que tudo ía passar rápido e logo eu ganharia muito dinheiro. Com isso podería comprar qualquer mulher que a revista "vendesse". Porém, o tempo foi cruel.Além de linda e minha melhor amiga, ela era uma ótima aluna. Tanto que, no verão do mesmo ano em que eu acabara de completar meus 18 anos, ela recebeu um ótima notícia. Para mim, o fim. Uma bolsa para estudar fora, em uma das melhores faculdades que havia no país. Na tarde daquele dia sai mais cedo que de costume da escola, foi a primeira vez que corri para uma taberna que ficava logo ali, no fim da rua. Posso dizer que afoguei as máguas, e meu primeiro porre foi regado a lágrimas.Na manhã seguinte a notícia, fui a casa dela. Ela me recebeu e ali conversamos a manhã inteira. Aproveitei para almoçar lá mesmo. Como se não bastasse tudo de bom, sua mãe ainda me adorava.Joguei conversa fora e, com elas, minha esperança. Ela partiria já no final de semana.No dia do embarque me atrasei, todos estavam no aeroporto. A turma do futebol, suas belas e ricas amigas, e eu. O único diferente. Olhei de longe e ela veio me dar um último beijo. O mais amargo e frio que pude sentir em toda minha vida. Ela foi embora, levando todo o meu apreço e firmeza.Os anos se passaram, e eu consegui me formar. Não em medicina, mas em veterinária. Era algo regular que me mantinha vivo. Como uma ferida que nunca cicatrizou eu fui vivendo os meus dias.Não sei porque raios estou aqui lembrando dela, de minha paixão adolescente. Logo hoje, onde todos estão a festejar o ano novo. Eu aqui, largado em qualquer canto desta pequena cidade que já se move com ares de metrópole. Lembrando dela, daquele sorriso que nunca se apagava, daquele olhar fixo em mim. Não sei porque diabos... MEU DEUS!!!"
- Acho que agora, conversando com meus pensamentos posso perceber o quanto me desgastei por algo que não me pertencia. Distraído, sofri um acidente que quase custara minha vida, mas levou consigo minhas pernas e toda minha consciência. Vagando neste universo irreal, onde palavras ecoam sons que não se distinguem, eu desejo apenas uma trégua. Ao tempo, que não mais volta, mas que me leve o quanto antes, pois vivi toda minha vida apoiado em esperanças imbecis e agora não me resta mais vida para planejar algo, quanto menos esperar...
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