Quando a luz da noite é a mais bela perante a claridade do dia. O frio estremece como um uivo na madrugada, e bem perto de mim o céu vaga solitário; como um pai que zela o sono de seu filho. E este que não me vem, que somente me maquia com uma fina camada de sossego (sublime desespero).
E quando você deduz a tua liberdade mental como sendo a única, você também percebe que ela se torna amplamente vaga. Diante de seu isolamento as formigas caminham como fosse uma tropa; quando se está sozinho logo se pensa nas multidões. A tua imaginação lhe faz tranceder além da dor e a ilusão desencontra.
Talvez o incerto abale, talvez o medo nos mantenha vivos, como uma estufa quentinha ou uma bolha segura. E por simples descaramento temos meia dúzia de respostas cretinas para cada pergunta levantada.
Penso em partículas que somos, em parte de um sistema que vai além da Via Láctea. E se a mentira fosse a única verdade desse mundo?
Placebos tarjados de vermelho e especialistas em ilusionismo vestidos de branco, o laboratório cinzento armazena e o universo processa.
Penso que somos o quadro a ser observado, uma obra mal feita, uma história mal contada ou um microchip defeituoso. Uma palavra ordinária, amarga ou doce, indigesta ou que asacie. Estamos a mercê da cadeia alimentar. Retardando o envelhecimento - a espécia debilóide e primitiva, fantasiada de moderna, que não vive para viver, mas apenas sobrevive pra não morrer.
Talvez por isso não sejas um insistente. Por que as pessoas lutam?
Parábolas que se costuram através dos neurônios e tentam definir os teus pecados - queria ser tão somente um orgasmo eterno. Supomos as verdades para valer a vida, aceitamos mentiras para temer a morte. Na realidade fantasiosa, o sonho eterno cá está. No céu as luzes da cidade brilham e aqui embaixo as nuvens são de areia e sal.
Todos candidatos a líderes, tiranos de si mesmos.
Sobrevivamos então, às custas do amanhã, impanturrando-se de sonhos, desejando implicitamente o dia em que não mais viveremos "sonambólicamente".
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