sábado, outubro 20, 2007

Tempos atrás

Deus te abençoe então, meu filho. E aqui deparo-me com estas fotos; reparo nos fatos e até os narro. Desde agora a nostalgia toma conta. Partindo por um bocado de impressões positivas à respeito.
Penso, quieto comigo. Meu amigo é minha melhor companhia - estar só pelo preço da compreensão. Sem que haja um amanhã desrespeitoso quanto às nossas esperanças. E é tudo que se deseja e, mantém, pelo tempo que lhe restarem as fotos.
E você torna a olhá-las com doçura.
Foram épocas vividas com naturalidade e pureza. O passado sempre é honroso - apenas memória seletiva [?]. Por dentro de cada flash existia um momento, onde os sorrisos foram retratados e o simples fato da vida foi posto como eterno. Por fora estão os teus olhos, os mesmos que há quinze anos eram cobertos pela franja fina. Olha para si mesmo, vê-se como é apartir do que era. Como num espelho, torna-se assim real a ponto de analisar o que ficou para trás.
Aonde estavam as preocupações, e por onde andava a tristeza? Estávamos à trilhos de distância do vagão que as continha. Certamente estamos bem mais perto, agora.
E a cada novo detalhe que percebe, relembra-te então. Ruas onde se podia até ter a noção da liberdade. Se hoje sonhas com o vôo irreal, ontem asteava as asas para partir.

Relembra mais uma vez, as brincadeiras. E lembra uma vez mais, as pessoas.
As quais sempre pareciam ter mais de muitos metros acima. As quais não se reconhecem hoje.
Estas fotos não conheço, não as reconheço como lembranças. Não lembro-me, cá estão a ser estranhas, pois. Pessoas não menos sorridentes, bebidas às mãos, simplicidade na aparência, mas uma nobreza inconstante nas feições. É o desenho mais boêmio que já pûde perceber.
São laços sanguíneos, e históricos. Talvez seja parte do que sou, hoje.

E todos bebem, todos de certa forma possuem simplicidade no coração. Alguns com mais nobreza, adquirida. Outros com nobreza de classe, roubada. Mas todos com um quê de benevolência.
E eles também observaram as estrelas uma noite, e todos eles admiraram a natureza, fazendo sexo com o cosmos e brincando com os sentidos. E todos olharam as fotos, esta noite.
Quando sonhamos estamos a sermos observados, lá do futuro. Um retrato não permitido.
E quando olhamos para trás, sonhamos o inverso, sonhamos o que não podemos cogitar, jamais. E é por isso que às vezes dói. Da mesma forma que olhar para o futuro conforta.
Meu presente torna-se estéril então.


(...)

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