Estou indo embora.
Por um longo tempo estarei ausente.
Passarei pelas estradas para encontrar a natureza, chegarei até os monges e por lá ficarei.
Meditarei.
Uma completa mudança - física, espiritual.
Antes disso a levarei comigo.
E lá de cima lançarei suas lembranças aos lobos.
Pronto, a primeira etapa estará concluída.
Abandonarei minha família, serei tão frio.
Vou finalmente compor em paz, em uma pista livre onde a inspiração venha.
Levarei só meu violão.
Encontrarei pelo caminho um fiel amigo vira-latas.
Perderei noites de sono olhando para as estrelas.
Passarei o dia nú, estarei bronzeado de liberdade.
A maior parte do tempo estarei habitando cavernas.
Mas antes disso não posso me esquecer de fazer algumas pessoas sofrerem.
Ponderarei os que mereçem morrer.
Julgarei a morte mais cruel.
E fugirei.
Estarei em contato com espirítos, bons ou maus.
Conhecerei seres de outras galáxias.
Deixarei de acreditar na lei dos homens.
Retornarei no final da vida.
Reencontrarei quem restar de meu passado.
Caminharei por todo o bairro em que fui criado.
Como um vigia.
Como uma alma vagando à esmo.
Não falarei com ninguém.
Até o final de meus dias estarei calado, uma epifania duradoura.
Não mais pensarei sobre o mundo.
Estarei a cima dele, e indiferente.