sexta-feira, maio 18, 2007

A Espiral Temporal

Em dias de carência constante, se fazem necessárias doses - cada vezes mais fortes - de afeto. Será possível mesmo que o próprio avanço tecnológico trará ao homem de volta a sua essência romântica? É incerto. Vivemos nossa realidade às custas de um passado ridicularizado e, por vezes, esquecido. E no futuro, assim também será. É o que defino como "A Espiral Temporal": mesmas reações, diferentemente distribuídas, em tempos cronológicos distintos.


Ocorre que, para tanto, o homem se diz capaz de acomodar-se às situações novas e, dessa maneira, desenvolver-se em tal território; tal qual uma colônia de fungos. Realmente, plausível é sua capacidade de "aderência" e "produtividade" em campos novos que exigem dele novas concepções. Mas, a forma como tudo se dispõe no intervalo entre o aprendizado e o domínio é algo de relativa boçalidade. Costumam chamar isso como: o caminho natural das coisas. O nascimento, a adaptação, o aprendizado, o domínio e, posteriormente, a queda. Todos os fatos do mundo podem relacionar-se com esta, já conhecida, fórmula. Mais uma amostra clara de como a vida segue apenas um percurso - a espiral. E como lhe é inerente, a variação do tamanho pode representar as fases distintas de uma vida. Além disso, também pode-se perceber a relação de tal figura com muitas leis físicas e/ou teorias filosófo-científicas. Ação/Reação, Gravidade, Velocidade, Teoria da Evolução das Espécies, Yin/Yang, Teoria do Eterno Retorno; mesmo que, em partes, diferenciadas, convergem-se rumo à um único ponto: o ciclo. O ciclo que explica as ações e suas consequências, a dualidade entre formas de energia distintas e essenciais, o pleno equilíbrio, o nascimento, a adaptação, a queda.


E no encaixe perfeito desse fluxo constante de acontecimentos, nivelados diferencialmente no espaço-temporal, pode-se atribuir qualquer relação pertinente. A relação entre seres de uma mesma espécie, por exemplo.


PAIS - o que você entende por essa palavra?


Amor? Cumplicidade? Revolta? Medo?


Bem... definições infinitas haveríam. O que se assemelha talvez, seja a maneira de como as heranças (não-materiais) são repassadas aos herdeiros. Naturalmente, as crianças são levadas a crer que, mediante um bom comportamento e, subsequente agrado ao interessado (os pais), o prêmio é conquistado - seja um boneco, ou um simples abraço. E com o passar dos anos você vai aprendendo a trocar meia dúzia de esforço e subestimação por aquilo que almeja. Notas boas renderão um final de semana na casa de um amiguinho. Coma as verduras e ganhará a sobremesa. Compre um e leve dois. É sempre assim. Mercado e pais agem de maneiras parecidas. E é à isso que atribuem a palavra amor. Claro que sim, na maioria das vezes o amor é verdadeiro. Porém, não é puro e, sendo assim, deixa de ser o Amor. O amor que nasce com uma criança, sabe-se lá como formado. E que se perde ao longo de sua curta liberdade. Liberdade e amor são quase a mesma coisa. Se você não possui a liberdade de escolher o que quer, logo não será feliz naquilo que faz. Relações trabalhistas e cônjugues são um bom exemplo. Porém, aonde se perdeu essa tal liberdade? Acredito que, seus pais são os grandes culpados. Não diretamente. Mas, apartir do momento em que se adquire uma consciência de "troca", perde-se essa noção do que é seu. E para sua felicidade, ou não, caso não fossem seus pais que lhe iniciassem nessa vida, sería outro. É o ciclo. O capitalismo também se enquadra, é claro. Tempo é vendido visando o lucro. Mas a dívida do ego é acumulativa e viciante. Ego: a droga mais potente e pertubadora que existe. Tudo se relaciona, de alguma forma. E como se esquivar? A resposta eu não tenho. E o concenso ainda é contrário à ela. Mas o fato é que, há passos primordiais que precisam ser dados para iniciar o caminho. Primeiramente, livre-se do que seus pais lhe ensinaram a ser. Lhe ensinaram a ser como eles: à sua imagem e semelhança. Então, saia disso. Tente rebuscar dentro de você mesmo, por tentativas, o que melhor lhe serve. Aquilo que lhe dá prazer verdadeiramente e não aquilo que alimenta o seu ego. A diferença reside no fato de que quando você agrada o seu interior, ele se completa e você não se sente vazio; já quando é seu ego que se alimenta, a insaciedade é algo comum e rapidamente vindouro. O segundo passo já foi dado - a procura. Procure, em vários caminhos existirá o seu. E quando o encontrar (tendo alimentado seu interior) siga-o. Inconscientemente a felicidade estará sendo trilhada, a cada dia. Porque ela é o próprio caminho. É como uma estrada de flores. Ou daquilo que você goste. Dê sempre preferência ao que você gosta. Contudo, faça pelos outros sempre com a mesma dedicação de como faz para si mesmo. É o princípio básico do amor leal e verdadeiro. O amor híbrido não sabe o que é isso. Fidelidade para com seus amigos e queridos. Sempre fidelidade, apesar das forças no outro lado pesarem negativamente, nunca deixe o desequilíbrio tomar conta. É o que conta. E quanto à seus pais? Sane suas dívidas. Retribua o amor que eles te deram, mesmo que monopolizado. Diferentemente do que pensam por aí, esse amor ideal não é sinônimo de unidade. É vanglorioso perceber nas diferenças o equilíbrio necessário para a convivência amorosa. E é assim que é o amor: pessoas independentes, com ideais próprios, buscando primeiramente sua felicidade interna e fazendo para os outros com a mesma dedicação. Sería perfeito se tudo isso fosse visto no mundo, não? Mas é o ciclo espiral, em suas variadas formas eternas - erros e acertos.